segunda-feira, 28 de maio de 2012

Carácter

Não sei se VP vai continuar ou não à frente da nossa equipa técnica na próxima época, mas uma coisa tenha por certa - é notável o carácter do homem que diz:

 
Isto:

"O que disse sobre Jesus fez-me pior a mim"
Retratou-se de um discurso mais duro que teve, inicialmente, para com o treinador do Benfica. Porquê?

Não fui autêntico, provavelmente por defesa. Estava numa perspetiva defensiva, porque os pontos de interrogação começaram logo no início e eu fechei-me e fui reativo, reagia com agressividade. Um treinador amigo dizia-me que amigos dele lhe comentavam que eu me tinha tornado agressivo e arrogante e ele achou estranho. Acho que aconteceu inconscientemente, para me defender. Não estava preparado para ser atacado por toda a gente, quase que me senti humilhado, parece que tinha deixado de perceber de futebol. Aquele Vítor que muitos perspetivavam que pudesse ir longe, parecia que tinha deixado de existir. Depois percebi que as pessoas não me conhecem e passei a encarar as coisas com naturalidade. Quando disse o que disse sobre o Jorge Jesus, não fui eu próprio e aquilo fez-me mal. Provavelmente, fez-me pior a mim do que a ele. Nunca mais me senti bem comigo próprio, porque não posso avaliar as pessoas e eu avaliei o Jorge Jesus como pessoa. Não posso fazê-lo, porque não o conheço como pessoa. Não fui correto e por isso pedi desculpa e fiquei muito melhor comigo próprio. Vou continuar a cometer erros, mas a refletir sobre eles para que não voltem a acontecer."


E isto:

"Se tivesse entrado com o André teria saído com ele"

A esta distância, compreende a decisão do André Villas-Boas há um ano?
O André é um portista, atenção... Daqueles portistas! Ganhou tudo, sair do clube do coração bem por cima deve ter pesado um bocadinho. Se fez bem ou mal, só ele o poderá dizer. Não faço ideia do que faria no lugar dele, ficava-me bem dizer que teria ficado, mas não posso dizer. Só quando confrontados com as situações é que percebemos. Eu decidi ficar consoante o que senti no momento, senti que devia cá estar. É preciso que se saiba que eu vim para o FC Porto convidado pelo FC Porto, não pelo André. Se fosse ao contrário, e isso digo-o com certeza absoluta, se fosse o André que me tivesse convidado, se eu tivesse entrado com ele, teria saído com ele, disso podem ter a certeza absoluta, porque só estou na vida desta forma, não estou para aproveitar as oportunidades que outros me criaram. Tenho uma relação de amizade com o André porque foi tudo feito com clareza.

Por que sentiu que devia ficar?

Porque esta era a equipa que eu queria treinar, sabendo que seria uma época muito difícil. Mas seria fácil para algum treinador do mundo? Não seria, de certeza. Apesar de os jogadores serem os mesmos, não eram os mesmos..." (aqui)

1 comentário:

meirelesportuense disse...

Vítor Pereira confirma o que sempre achei dele, boa pessoa, sensível e sincero...E é verdade, quando falamos -ainda que inconscientemente- mal de alguém, isso deixa marcas em nós se acaso tivermos uma formação moral exigente e positiva!...
Foi importante dizer que a sua ligação se fez a convite do Clube e não do Vilas-Boas, porque fica a certeza de que era com o Porto que a relação contratual se iniciou e realizava e não havia um compromisso mais estreito com o André por um eventual convite deste...
Como Treinador, é bem possível que eu o tivesse criticado porque não aceitava alguns comportamentos de actuação dos jogadores, comportamentos que ele refere com alguma suavidade, mas que passavam para o exterior e deixavam algumas dúvidas se não eram apenas devidos a erros dos métodos seguidos nos treinos...
Mais uma vez, fico a admirar a personalidade sincera e autêntica do homem, permito-me realizar a minha contrição mais tarde sobre o mérito do treinador, sem por em dúvida o profissionalismo e a entrega que nunca esteve em causa.
E que tenha muita e boa sorte, porque -com algum egoísmo- se ele tiver êxito eu também o sentirei por extensão...