Em Setembro de 1974, Portugal vivia sob o clima tenso do pós-25 de Abril e o então Presidente da República, António de Spínola, haveria mesmo de se demitir no final do mês. Por momentos, o futebol não era o principal tema de conversa, mas, no Estádio das Antas, um avançado estreava-se de forma muito pouco silenciosa: aos 17 anos, Fernando Gomes fazia os dois golos da vitória frente à CUF (2-1), no arranque do Campeonato nacional 1974/75, e dava início a uma carreira que o tornaria no melhor marcador de sempre do FC Porto, com 347 golos a nível sénior e 800 em todos os escalões.
“Vivi o momento de uma forma muito intensa, mas sem saber bem o que estava a acontecer. Com aquela idade, joga-se muito o jogo pelo jogo e era isso que fazia. Claro que fui muito apoiado pela equipa e pelos companheiros”, recorda o avançado a www.fcporto.pt. Dessa equipa do FC Porto, que haveria de terminar o campeonato na segunda posição (após ter concluído a primeira volta na liderança, com mais três pontos do que o Benfica), faziam parte Cubillas, António Oliveira e Rolando, com o brasileiro Aymoré Moreira como treinador.
O “bibota” recorda-se especialmente do golo do 1-0, apontado aos 44 minutos, e aos 60 haveria de “bisar”: “O primeiro foi para o lado Norte, o segundo para o lado Sul. No primeiro fiz uma diagonal sem bola, houve um passe de ruptura e ganhei em velocidade ao defesa. Dei um toque e, com o guarda-redes pela frente, encostei para a baliza. O segundo terá sido num canto, penso que a bola sobrou para mim e rematei”.
Fernando Gomes, que 40 anos depois continua ligado ao clube, tinha crescido nas camadas jovens azuis e brancas e, na temporada anterior, já tinha participado nos treinos da equipa principal, então treinada por Béla Guttmann. “Entendeu, e pelos vistos bem, que deveria ficar mais um ano nos juniores. Por um lado, não foi uma surpresa o que me aconteceu”, confessa.
Durante quase 40 anos, Gomes foi o mais jovem marcador do FC Porto na história dos campeonatos nacionais, com 17 anos e nove meses. Esse recorde foi batido há menos de um mês por Rúben Neves, que abriu o marcador frente ao Marítimo (2-0), também na sua estreia competitiva nos seniores e na primeira jornada, aos 17 anos e 155 dias. “Na minha época o impacto das coisas não era o de hoje. A dimensão do clube e o mediatismo são incomparáveis”, reflecte o ex-avançado, que ainda faz uma “perninha” na equipa Vintage.
Os dois golos lançaram a carreira de Fernando Gomes, que agarrou a oportunidade e “nunca mais” deixou fugir um lugar entre as principais escolhas. Ao longo de 13 épocas no FC Porto, arrecadou duas Botas de Ouro (daí a alcunha de “bibota”) e seis ‘Bolas de Prata’, bem como 13 títulos oficiais: uma Taça dos Campeões Europeus, uma Taça Intercontinental, uma Supertaça Europeia, cinco Campeonatos Nacionais, três Taças de Portugal e duas Supertaças, in www.fcporto.pt
3 comentários:
Eu estava lá!
Inveja, Zé Luís!
Antiguidade é um posto :):):)
É curioso, não lembro bem os golos mas pela descrição do Gomes tenho ideia de o 1-0 ter sido de antecipação, como ele diz e como se tornou uma referência em Gomes - ao invés, quase incapaz de fintar no 1x1...
Mas nem ele lembra como foi o 2-0, eu também não tenho ideia.
Mas, sim, foi o 1-0 para norte e o 2-0 para sul, era onde eu costumava estar.
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