1. As organizações têm, como os homens, um discurso. A esta regra não escapam os clubes de futebol ou as sociedades desportivas se entendermos usar linguagem moderna. E essa narrativa transforma-se em política de comunicação ou mesmo em arma de arremesso ao serviço de uma lógica própria.
Alinhavada uma estratégia e definido um objectivo - aqui e acolá moldável às circunstâncias do tempo, do percurso da bola, do apito ou do poste -, procuram os clubes de futebol colocar ao seu serviço - ao serviço de um qualquer objectivo - a agenda mediática. Lança-se isco em busca de colher peixe graúdo.
2. O jogo FC Porto-Benfica está calendarizado para o dia 7 de Novembro. Estamos, pois, a um mês (!) dessa partida. E o que se passou nos últimos dias?
O Benfica, de forma directa ou indirecta, criou um caso: o da violência contra os seus bens - o autocarro - e a sua equipa aquando das viagens ao Norte, em particular, presumo, à cidade do Porto.
Em primeiro lugar, logrou obter uma audiência com o ministro da Administração Interna com vista a solicitar (exigir?) segurança para essas deslocações. Diga-se de passagem que o actual titular da pasta governamental já foi, recentemente, membro de órgão social do clube.
Depois, alcançado esse patamar de notícia, o presidente do Benfica foi mais longe: se ocorrer qualquer acto de violência, maior ou menor, vão ter uma surpresa.
E disso deu amplo reflexo, uma vez mais, a imprensa.
Por fim (?), fontes "fidedignas" foram asseverando aos media que a surpresa passaria pelo retorno a Lisboa da comitiva encarnada, com a lógica falta de comparência ao jogo.
3. Não temos dúvidas - nunca tivemos - de que este tipo de estratégia é transversal a todos os clubes de futebol. Também - inclusive aqui - condenámos a violência no futebol, directa ou indirectamente aceite (e apoiada) pelos clubes (Benfica, FC Porto ou Sporting ou outros que o leitor queira acrescentar). A certeza da omissão do Estado também é perene.
Nada nisto nos surpreende. O que nos motivou a escrever sobre este tema é a sofisticação crescente que se emprega. Começa-se a plantar em finais de Setembro o que se quer colher em Novembro, operação devidamente acompanhada do adubo mediático.
4. Neste caso é o Benfica. No passado foi o FC Porto ou o Sporting. Mas, no futuro, serão os três e muitos mais."
2 comentários:
esta imprensa tuga ate mete dò
Diz o José Manuel Meirim, no Público de hoje:
"O Porto já está a arder ?
1. As organizações têm, como os homens, um discurso. A esta regra não escapam os clubes de futebol ou as sociedades desportivas se entendermos usar linguagem moderna. E essa narrativa transforma-se em política de comunicação ou mesmo em arma de arremesso ao serviço de uma lógica própria.
Alinhavada uma estratégia e definido um objectivo - aqui e acolá moldável às circunstâncias do tempo, do percurso da bola, do apito ou do poste -, procuram os clubes de futebol colocar ao seu serviço - ao serviço de um qualquer objectivo - a agenda mediática. Lança-se isco em busca de colher peixe graúdo.
2. O jogo FC Porto-Benfica está calendarizado para o dia 7 de Novembro. Estamos, pois, a um mês (!) dessa partida. E o que se passou nos últimos dias?
O Benfica, de forma directa ou indirecta, criou um caso: o da violência contra os seus bens - o autocarro - e a sua equipa aquando das viagens ao Norte, em particular, presumo, à cidade do Porto.
Em primeiro lugar, logrou obter uma audiência com o ministro da Administração Interna com vista a solicitar (exigir?) segurança para essas deslocações. Diga-se de passagem que o actual titular da pasta governamental já foi, recentemente, membro de órgão social do clube.
Depois, alcançado esse patamar de notícia, o presidente do Benfica foi mais longe: se ocorrer qualquer acto de violência, maior ou menor, vão ter uma surpresa.
E disso deu amplo reflexo, uma vez mais, a imprensa.
Por fim (?), fontes "fidedignas" foram asseverando aos media que a surpresa passaria pelo retorno a Lisboa da comitiva encarnada, com a lógica falta de comparência ao jogo.
3. Não temos dúvidas - nunca tivemos - de que este tipo de estratégia é transversal a todos os clubes de futebol. Também - inclusive aqui - condenámos a violência no futebol, directa ou indirectamente aceite (e apoiada) pelos clubes (Benfica, FC Porto ou Sporting ou outros que o leitor queira acrescentar). A certeza da omissão do Estado também é perene.
Nada nisto nos surpreende. O que nos motivou a escrever sobre este tema é a sofisticação crescente que se emprega. Começa-se a plantar em finais de Setembro o que se quer colher em Novembro, operação devidamente acompanhada do adubo mediático.
4. Neste caso é o Benfica. No passado foi o FC Porto ou o Sporting. Mas, no futuro, serão os três e muitos mais."
( http://desporto.publico.pt/noticia.aspx?id=1460286 )
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