sábado, 8 de março de 2008

Há que baixar as expectativas

Tinha prometido ao Situacionista um post com uma reflexão sobre a "estratégia empresarial" do Futebol Clube do Porto.

Sucintamente, o que eu pretendia dizer é que temos dois caminhos possíveis:

  1. continuamos como temos estado e "somos os maiores da nossa terra";
  2. tentamos dar o salto competitivo e ganhar a tal "dimensão europeia" de que tanto se tem falado nos últimos dias.


Os acontecimentos anteciparam-se ao meu post e hoje é anunciada a renovação do contrato com Jesualdo Ferreira. As coisas não podiam ser mais claras. Passo a citar o "Mestre" Jesualdo Ferreira:

"Vamos acabar com especulações. Sou treinador do FC Porto (para a próxima época) há mais ou menos um mês. Fui convidado pelo presidente e aceitei com muito prazer".

(...)

"O que posso prometer, como sempre fiz, é muito trabalho e dedicação para o FC Porto atingir os seus objectivos, que normalmente são: ser campeão, ganhar a Taça de Portugal e chegar aos oitavos-de-final da Liga dos Campeões".

Para o ano, temos de nos lembrar do excerto que destaquei, para evitar desilusões como a de quarta-feira passada.

Na minha opinião, talvez pudéssemos ser mais ambiciosos, mas... o rumo está traçado. Não o vou criticar - talvez seja o "realismo" de quem olha para a conta bancária, em confronto com os meus sonhos de adepto.

9 comentários:

Unknown disse...

Concordo plenamente com o segundo caminho, mas!!!
Como?
Não esquecer que estamos inseridos neste País miserável!
Num País em que se promove os incompetentes, e se adormece os competentes!!!
Para seguirmos o caminho mais ambicioso, teríamos que ter uma economia favorável!
Penso eu de que!!!

dragao vila pouca disse...

Devemos concluir que a continuidade de Jesualdo significa o baixar das espectativas?Acho que só mais lá para a frente podemos analisar e avaliar se isso é verdade. VAi depender da política desportiva:vai haver desinvestimento ou pelo contrário, a equipa vai ser reforçada para ir mais longe? Os fins de ciclo no F.C.Porto normalmente só acontecem depois de grandes vitórias...o que não é o caso.
Um abraço

Ricardo disse...

Discordo da ideia de que se Jesualdo ficar (e ficará) o Porto não pode dar o salto para outra capacidade a nível europeu. Dependerá muito mais da forma como se enfrentar o Verão ao nível das contratações, dispensas e, principalmente, vendas que da continuidade do (bom) treinador do Porto. Jesualdo tem feito um bom trabalho com um bom plantel. Leva 12 pontos de vantagem do segundo, está nas meias-finais da Taça de Portugal e foi eliminado nos oitavos(que é o objectivo; o resto será lucro) da CL da forma que todos vimos. Cometeu alguns erros? Sim, dois ou três. Não nos esqueçamos que é a primeira vez que treina um clube Grande com tempo e espaço para desenvolver as suas ideias. No Benfica nunca o pôde fazer. Agora, pode e está a dar frutos. Esses erros, estou em crer, desaparecerão com o tempo e Jesualdo saberá ser mais corajoso em certas fases da época para transportar o Porto para uma dimensão europeia de maior fulgor. Estará na política do clube ao nível de entradas e saídas a resposta à questão da dimensão europeia do Porto. Com meia equipa desejada por grandes clubes europeus, PC terá de saber gerir toda essa pressão exterior e talvez vender 1 ou 2 jogadores por valores altos para poder substitui-los com mais-valias indiscutíveis. Quanto a mim, o Porto está a preparar uma grande equipa que, se não sofrer mexidas, poderá ser novamente Campeão Europeu. O que acho é que o Verão vai ser muito pressionante para PC. São muitos os pretendidos: Bosingwa, Alves, Lucho, Quaresma, Lisandro, etc, etc.

Ao Porto interessará mais os milhões ou ser verdadeiramente um favorito a ganhar à CL? E os jogadores? Estarão conscientes de que, se ficarem, podem estar numa equipa que se baterá pelo troféu europeu? Ou pensam em dinheiro e não acreditam verdadeiramente que no Dragão se poderá comemorar a vitória da Champions? Estas, para mim, são as questões. Jesualdo continuará a evoluir. Se lhe deixarem o plantel deste ano (ou o reforçarem ainda) podem ter a certeza de que trabalhará bem o que tem. Como sempre o fez, aliás.

O Situacionista disse...

Eterno,
Tenho andado a pensar nisto desde 5ª feira.
Deixas subentendido e penso não estar a interpretar abusivamente as tuas palavras (mas tu mo dirás), que, por ti, o prof. saltava fora no final da época.
Na tua opinião os objectivos traçados são curtos. E como tal…

Ora, eu não sei se, a final, irei divergir ou não contigo, sei é que os fundamentos são totalmente diferentes.
Passo a explicar: Para mim, o FC Porto deve ter, actualmente, atendendo aos patamares de exigência do Clube, os seguintes objectivos:
Título nacional, 8ºs de final da Champions e Taça de Portugal.
Atingindo estes objectivos considero uma época PERFEITA !
Repito, perfeita.

Portanto, este ano o FC Porto chegou aos 8ºs de final da Champions, tem fortíssimas hipóteses de ser (tri) campeão (o que acontecerá apenas pela 2ª vez na história do Clube), e tem 25% de hipóteses de vencer a Taça de Portugal.

Ou seja, esta época ainda pode ser perfeita.

Ou seja, o desempenho do prof. tem estado a níveis FANTÁSTICOS.

Até aqui nada a dizer.

Daí que, até pelo timing, a renovação do contrato tenha sido …de mestre !

O meu único problema é o seguinte:

O FC Porto tem um espírito muito próprio. Espírito esse que é o de acreditar que tudo é possível. Que, na luta, ninguém nos supera. Que, antes de terminar um jogo, nunca se sabe quem vencerá. Seja quem for que esteja do outro lado. E que, mesmo que sejam superiores, se se distraírem, nós não perdoamos. Então se não forem superiores, mais hipóteses temos ainda. Nós nunca temos medo. Nós nunca nos damos por vencidos. Nós respeitamos todos. Mas nós queremos sempre ganhar.

E o que sucede com o prof. ?

Só 2 exemplos bem elucidativos:

Arsenal – FC Porto – o prof. resolve inventar e coloca o Ricardo Costa a defesa esquerdo. Resultado – levamos no lombo.

Schalke – FC Porto – o prof. volta a inventar e coloca o João Paulo a defesa esquerdo.
Resultado – levamos no lombo.

E neste último caso, era das tais oportunidades de ouro. Saiu-nos um dos adversários menos difíceis. E temos um enorme avanço no campeonato. Até deu para gerir esforços. O que tão cedo pode não se repetir.

Conclusão – os medos do prof. têm saído muito, muito caro.

Em certa medida concordo com o Ricardo, pois reconheço que tal como a equipa, também o prof. tem vindo a crescer. Especialmente a nível europeu. Mas, caramba, e volto ao mesmo, tem-nos saído caro.

E agora a pergunta que me faço e que considero decisiva para a minha conclusão – não valerá a pena, depois de custos tão elevados (na formação), apostar no prof., pelo menos, por mais um ano e, assim, não desperdiçar o “investimento” ?

Sinceramente, se vencermos o campeonato (e, já agora, a Taça), penso que VALE A PENA.

Depois, para o ano, pelo menos, 2 jogadores sairão. E existirão propostas loucas talvez por meia equipa – Bruno Alves, Zé, Assunção, Luxo, Quaresma e o LISANDRO.

A saírem 2, como acredito, que saiam Quaresma e Zé – 60 milhões.

Quanto aos outros, relativamente às boas propostas, esse é o lado para que o NGP dorme melhor.
(Já agora, para o lugar do Zé, como já o disse há muito tempo, contratava o Janicio.)

Portanto, o FC Porto voltará a ter uma grande equipa. Treinada pelo prof.. E, acredito, definitivamente, SEM MEDOS !

Mr.Duke disse...

O professor disse o que é correcto dizer nesta altura, não sabe quem vai sair e não saberá todos quantos podem entrar logo não tendo a capacidade de fazer futurologia disse o que devia ser dito, isto é, não sabendo que plantel terá, não tendo a certeza se o plantel será melhor ou pior que o deste ano disse o que se impunha, independentemente do plantel, mais fraco ou mais forte, os objectivos minimos, repito os objectivos minimos são aquleles.
Se quisermos olhar a questão a nivel orçamental comparativamente a outros emblemas europeus o discurso seria na mesma o mais adequado, logo só vejo normalidade.
Porquê falar em baixa de expectativas, não foram sempre este os nossos objectivos, mesmo no ano de vitória da Champions os nossos objectivos eram estes, agora por favor expliquem me onde está a baixa de expectativas.
Para o lugar do Ze sugiro o Andrezinho do Guimarães, e já agora por guimarães o geromel também é bem vindo.
Dispensa do Cech, do Lino, do Kaz, do Adriano.

Azzulli disse...

Este anos seremos TRI-Campeões.

Se no próximo ano não apostarmos em ir até aos quartos de final, pelo menos, instala-se um sentimento de que já está tudo ganho, que é mais do mesmo.
Isto afecta particularmente jogadores como Lucho, Lisandro e Quaresma.
Jogadores ambiciosos, com objectivo de se mostrarem, de ganharem, para conquistar lugar nas suas selecções.
Se os nossos objectivos não forem mais além, na dimensão europeia, eles sairão mais rapidamente.

Caso o discurso seja o de maior dimensão europeia, poderemos convencer estes jogadores a ficarem, ou a não saírem todos (como após ganharmos a UEFA).
Temos de preparar o plantel para ter mais soluções de primeira linha, e de conseguirmos jogar em 442.
E precisamos de um treinador ambicioso, destemido, agressivo.
Se o JF o conseguir ser, fantástico, vamos a isso.
O problema é que já nos deu provas de não o ser. Será que tem capacidade para ultrapassar os seus medos? Não parece, pois já nos informou que o objectivo é chegar aos oitavos da Champions…

Bom mesmo seria a contratação de um nome sonante.
Por exemplo o DECO.
Traria qualidade, experiência, motivação ao grupo, e colocaria os adversários com maior receio.

A vender um jogador, eu venderia o Quaresma.
A vender dois, que seja o Bosingwa.
Deve dar para segurar as contas, e permitia alternar entre o 433 e o 442 mais facilmente.
É que com ele no plantel, dificilmente podemos não o ter em campo, o que impossibilita um 442 puro.

Proponho isto mesmo ao NGP: compre o Deco, e venda o Quaresma.
Que tal: H; ZB, PE, BA, JF; PA, RM, LG, Deco; LL e Tecla?

A dimensão europeia depende quer de um treinador ambicioso e destemido, quer de manter e retocar bem o plantel. Com o objectivo de sermos ainda melhores!

Fanático disse...

O comentário do Azzulli tirou-me as palavras do teclado.

A questão passa pelo seguinte: o desejo e o poder.Todos queremos mais e será que podemos?

Ou seja, é verdade que este ano estamos a jogar mais e melhor, temos tido uma época bem mais tranquila que anterior, temos mais e melhores resultados, mas... a nós que já nos habituámos a esta tranquilidade, queríamos mais a nível europeu. Os alemães eram e são inferiores, e, no entanto, não lhes conseguimos dar a volta e o JF podia, e devia, nomeadamente no jogo lá ter feito melhor e diferente, mesmo cá a perna da ambição ficou curta...

E posto isto, e agora?

Temos capacidade para contratar jogadores com mais valia, que nos permita ter ansejo e expectativas de ir mais além na LC? Os bancos e os accionistas avalizam? As contas permitem-no?

Se sim, dê-se a oportunidade ao JF de demonstrar que é capaz de vencer o campeonato (prioridade primeira) e de ter a dimensão europeia que desejamos, e aí, não terá desculpas para inventar e deixar os medos em casa.

Devo confessar, como já o escrevi, que pensei que o JF não ia conseguir melhor e melhores resultados que na época anterior. E conseguiu, e como tal, percebendo definitivamente que está no FCP e com que isso significa, tem o m/voto de confiança. E espero nunca me arrepender do acabei de escrever...

Eterno Dragao disse...

Situacionista, a propósito da questão do orçamento, deixo-te com uma frase de uma pessoa que, como reconhecerás, é uma autoridade em matéria de futebol: a actriz Bo Derek.

"Aqueles que dizem que o dinheiro não compra a felicidade, simplesmente não sabem aonde devem ir fazer compras”

Em resumo: um orçamento melhor, "facilitava" as coisas! :-)

Já sabes que eu sou contista.

Eterno Dragao disse...

Eu não sou contra a manutenção de Jesualdo Ferreira, se os nossos objectivos passam pelo "mercado interno". Se é assim, qualquer mudança de treinador seria um disparate.

Não me parece que, com ele, sejamos capazes de ganhar a Taça UEFA ou ir a uma meia-final ou final da Champions. Mas tenho o secreto desejo de me enganar!