sábado, 1 de maio de 2010

Felizmente, nós somos diferentes. Amanhã, mais uma vez, iremos dar novo exemplo de civismo.

Temos de erradicar do desporto histórias como esta de violência, facas, pistolas e ameaças, contada por Jorge Coroado e protogonizada, como não podia deixar de ser, por vermelhos. Ora leiam:


“E depois ?
"Na cabina do árbitro,
o sr. Gaspar Ramos [dirigente do Benfica] estava muito nervoso e descontrolado. Pedi-lhe que se retirasse. É verdade que aquela casa [Estádio da Luz] era dele, e ele até era delegado ao jogo, pelo que podia estar ali, mas não naquele estado, que aquele espaço era meu."

A FPF reagiu e instaurou um processo ao árbitro, aos jogadores, ao jogo. A expulsão de Caniggia não ficou por ali. O avançado argentino garantiu nada ter dito e as imagens televisivas confirmavam-no,
embora Caniggia aparecesse tapado pela cabeça de Isaías por uns segundos.

O processo avançou e quem foi o relator ? Sampaio Nora, do Conselho de Justiça da FPF, que esteve, anos depois, na lista de Vale e Azevedo para as presidenciais do Benfica. "Mal entrei na sala para depor, ele disse-me que estivesse tranquilo porque não gostava de mim."
Entrada a pés juntos ?
"É como lhe digo: já se passaram tantos anos e ainda nem sei se hei-de rir se hei-de chorar. Foi um processo kafkiano."

E os jogadores, colaboraram ?
"Os do Benfica defenderam a sua dama. Do Sporting só houve um que me defendeu e disse o que tinha ouvido. Foi o Sá Pinto. Os outros encolheram-se. Como o Marco Aurélio, aquele central." E Jorge Coroado começa a falar com sotaque brasileiro. "Ele disse-me: 'Eu até ajudava você, Coroado, mas não sei o dia de amanhã, né ?" Resumindo: "Eles tinham medo de dizer o quer que fosse porque isso hipotecava o futuro deles."

Concluindo:
"A FPF anulou esse jogo e promoveu um outro, de repetição, no Restelo, que a FIFA desvalorizou
. Nas contas finais desse campeonato 1994-95, o jogo que conta é o meu. Que isso fique claro."

E Caniggia ? "Olhe, só o vi mais uma vez, na minha despedida internacional. Para a pré-eliminatória da Liga dos Campeões, num jogo entre Rangers e Maribor, em Glasgow [1 de Agosto de 2001]. Falámos um pouco, ele disse-me que nunca quis criar problemas e eu disse-lhe que estivesse tranquilo. Nessa noite ele marcou dois golos [3-1]... e não o expulsei."

Ok, obrigado. Só mais uma pergunta: sofreu muito com esse episódio ?
"Nada de especial. Fui ameaçado de morte com uma pistola na cabeça e depois com uma faca, à porta do meu emprego [de bancário na Rua José Malhoa], de manhãzinha, antes da 8h30. Foram pequenos-almoços diferentes. Eram adeptos de cabeça perdida que queriam fazer justiça com as próprias mãos. O da pistola apontou-me a arma à cabeça mas não me assustou. O da faca falhou o alvo mas estragou-me o casaco. A sorte dele foi que conseguiu fugir. O azar foi que lhe fiquei com a faca."
(realçados meus)
(entrevista a Jorge Coroado no jornal “i” de hoje)

2 comentários:

Vímara Peres disse...

Tudo normal

Paulo Marques disse...

Tou-me a marimbar para o civismo, desde que lhes metam respeito. Somos bárbaros façamos o que fizermos.