domingo, 7 de maio de 2006

Reflexões na sequência do último jogo do campeonato

O jogo de ontem contra o Boavista permite destacar a exibição de dois jogadores: Anderson e Ibson. Permite, também, fazer a comparação destes "artistas" com dois jogadores imensamente promovidos pela imprensa: Diego e Lucho, respectivamente:
  1. o Anderson fez mais nos poucos minutos em que jogou pela equipa principal do que o Diego em cerca de ano e meio como titular do FCP. Joga de frente para o adversário (ao invés de lhe "virar o rabinho", para mostrar aos jornalistas que protege bem a bola), remata com força, é rápido. Penso que não corro grande risco em prever que o Anderson vai ser um jogador fora de série e que o Diego "vai passar bastante ao lado" de uma grande carreira (parece-me não ter sequer potencial, dada a falta de força e de rapidez);
  2. o Lucho é um bom jogador - quero deixar esta ideia salvaguardada à partida. Não obstante, foi um indivíduo que, durante muitos jogos, se escondeu e não pegou no jogo (assim, é fácil não falhar passes). O Ibson pode jogar rigorosamente na mesma posição, não foge à responsabilidade e também tem uma fantástica visão de jogo, a que acrescem pormenores "deliciosos" para a plateia. Sendo assim, julgo que, uma vez que o FCP tem de vender um dos seus bons jogadores, aquele que faria menos falta seria o Lucho. Eu sei que a opinião é polémica, mas... aqui fica.
O jogo de ontem também possibilitou voltar a ver a "dupla da desgraça" em acção (Ricardo Costa e Bruno Alves). Nenhum deles tem categoria sequer para ser suplente do Porto. Também estiverem presentes alguns figurantes como o Sonkaya, o Hugo Almeida e o Sokota. No papel de figurantes, nada a apontar.
 
Finalmente, uma nota para o preço dos bilhetes. O ingresso mais barato custava 30 euros e, consequentemente, houve uma "enchente" de seis mil pessoas, num estádio que leva trinta mil. São estes gestores iluminados que temos à frente dos clubes. É mau demais para ser verdade. Será que estes senhores sabem que há formas de estimar as receitas perdidas pelo facto de o preço estar demasiadamente alto? Eu dou uma sugestão, para chegar a uma estimativa por defeito: basta contratar uns meninos e umas meninas para estarem a observar quem vai à bilheteira, olha para a tabela de preços e não compra. Até lhes podem perguntar que preço estariam dispostos a pagar para ver o jogo! Sabem que quanto menos gente for ao estádio, menos se vende nos bares, menos receitas de merchandising se realiza? Estou a perder tempo, não é? O que interessa é comprar e vender uns jogadores. Isso sim é que é gerir!
 
Aproveito a oportunidade para informar os dirigentes do futebol que:
  1. a SPORT TV custa cerca de € 25 por mês (nos cafés, é mais barato) e transmite bastantes jogos de futebol;
  2. um espectáculo na Casa da Música custa 15 euros e dura aproximadamente duas horas;
  3. um bilhete de cinema custa aproximadamente 4 euros e permite assistir a um filme que dura duas horas;
  4. aluga-se um DVD por 2 euros e toda a família fica entretida durante duas horas;
  5. não sei se sabem que a música e o cinema também fazer parte da "oferta de entretenimento"! Também não sei se sabem que existe concorrência, mesmo entre produtos / serviços aparentemente diferentes;
  6. finalmente, não sei se sabem que o preço mínimo dos bilhetes representa cerca de 8% do salário mínimo nacional. Ah, estou a perceber a dúvida... Não sabem quanto é o salário mínimo nacional... Não interessa, é um montante tão elevado que a maior parte dos dirigentes desportivos não o conseguiria ganhar, caso a respectiva remuneração estivesse indexada ao desempenho.

3 comentários:

Anónimo disse...

Pasmo com a falta de comentários.
Brilhante!

O Situacionista disse...

Grande Eterno,

O teu post é ASSOMBROSO !!!
Então a análise ao preço dos bilhetes, mostra de uma forma ASSUSTADORAMENTE fácil a incompetência que grassa no dirigismo desportivo.

Permite-me apenas, com a devida vénia, quanto à parte futebolística propriamente dita, dizer o seguinte:
- infelizmente, o Diego vai ficar no plantel, porque como é evidente, a não ser que apareça por aí mais um russo qualquer, ninguém nos dá o que nós pagamos por ele. Simplesmente porque ele não o vale. Penso mesmo que seria de ponderar seriamente um empréstimo a um clube estrangeiro europeu.
- quanto ao Ibson, apenas acrescento que desde que entrou, na época passada, no jogo Estoril-FCPorto, para jogar escassos minutos, sempre foi um jogador a que eu chamo “de pagar bilhete” !!!
- quanto ao Luxo, penso que a análise peca por defeito. O Luxo é um jogador excepcional !!! Que fez a época que fez sem ter férias; vindo de um campeonato sul-americano; que para o ano, se o conseguirmos segurar, será ainda melhor. Só deverá sair por uma proposta tresloucada – 25 milhões !!!
- Penso que para o ano, atendendo até à dificuldade da LC ambos (Luxo-Ibson)terão muitas oportunidades de jogar, inclusive, simultaneamente.
- O FCPorto do onze mais utilizado ultimamente só devia vender o Benni. Será que consegue segurar os outros ? Esperemos que sim.

Anónimo disse...

Perfeitamente de acordo.

São ambos grandes jogadores, mas o problema do Ibson é Raul Meireles e não Lucho . Este cabe em qualquer equipa do mundo, é um jogador compelto, como se viu esta época, e de altas rotações. Mas estou de facto de acordo que os argentinos para o ano ainda vão render mais, isto se o Lucho ficar por cá após o Mundial, o que duvido.

Ao Ibson só falta o remate do Meireles e a agressividade deste, mas que compensa com a fantástica capacidade de estar em todos o lado e quase não falhar um passe.

Mas daí a dizer que Ibson é melhor que Lucho, vai uma grande distãncia. A seguir a Cubillas, Mlynarckik, Branco e Madjer, Lucho é o melhor estrangeiro que comprámos nos últimos 30 anos.

Deco à parte, que até já é português!