quinta-feira, 19 de abril de 2012

Palavras leva-as o vento ...

Diz o fugido de Palermo:
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"Pinto da Costa é o FC Porto"
Quando recebi o convite para escrever umas palavras e com elas participar nesta merecida homenagem ao Senhor Pinto da Costa, senti-me lisonjeado e, passada a surpresa e após refletir, senti-me também orgulhoso por ter tido participação direta em dois desses 30 anos de presidência que agora se celebram.
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É, todavia, difícil para mim escrever algo sobre o Senhor Pinto da Costa, escrever algo que já não tenha sido dito ou escrito por algum dos que tiveram o privilégio de com ele trabalhar diretamente. Este Senhor, pelos seus inúmeros e incríveis talentos, poderia ter sido com sucesso aquilo que quisesse. Decidiu ser presidente de um clube de futebol, o clube do seu coração e, nesse papel, foi escrevendo uma história da qual não se conhece ainda o fim, mas que é uma história fantástica, a história do Grande Presidente da História do Futebol Português.
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Enquanto treinador do FC Porto, um dos momentos marcantes que ali vivi foi a inauguração do novo estádio, um estádio que, como sempre pensei, deveria levar o seu nome, mas que acabou por se chamar Estádio do Dragão. Na altura discordei, discordei silenciosamente, como assim era exigido pelas minhas funções e também porque - como nunca escondi - não nasci portista e nunca carreguei comigo esta proteção.
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Anos mais tarde e na sequência das reflexões que faço sobre a minha carreira e tudo aquilo que a rodeia, cheguei à conclusão de que, afinal, o nome do estádio era perfeito. Estádio do Dragão! E porquê? Porque Pinto da Costa é o Dragão! Pinto da Costa é a mística. Pinto da Costa é a alma. Pinto da Costa é o estratega. Pinto da Costa é o Futebol Clube do Porto. E que me desculpem aqueles que discordarem, mas quando Pinto da Costa disser que se acabou, o FC Porto não mais será o mesmo.
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Na semana que se seguiu à final da Taça UEFA, estava eu de saída, estava Deco de saída. Chamou-me e sentou-se comigo. Perguntou-me se não sentia que poderia ganhar a Champions... Como sempre, acertou na "mouche". Tocou-me no orgulho. "Míster, prometo que só vendemos um jogador e que não será o Deco. Prometo que lhe daremos outro em sua substituição e que será o míster a escolher." "OK, Presidente! Vendemos o Postiga e vamos buscar o McCarthy."
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O Homem sabia que eu não poderia virar as costas a um desafio e tocou-me na ferida. Fiquei mais um ano. O Homem tinha razão, podíamos ganhar a Champions. Agradeço-lhe por esse poder de persuasão, pela inteligência com que o usou, algo apenas possível nos eleitos. É que tal como há um grupo de eleitos entre os jogadores, entre treinadores, também há um grupo de eleitos entre dirigentes. E aqui, Pinto da Costa ocupa seguramente, a nível mundial, uma posição no topo.
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Há muito tempo que não tinha a oportunidade de enviar um abraço de amizade, sentido, a todos os portistas e de lhes dizer que os anos passam, mas que jamais me esquecerei daquilo que vivemos e conquistámos juntos. Está dado e está dito. Quanto ao Presidente - aquele abraço de Parabéns!
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Diz o vendedor de cadeiras de sonho:
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"Conquista-nos o coração"
30 anos de Jorge Nuno Pinto da Costa e Futebol Clube do Porto. A criação duma associação de sucesso absoluto e o fundar duma escola singular. Escola de princípios, escola de comportamentos, de ideais. Uma educação preponderante na juventude que olha para o futuro e que respeita os valores do passado.
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Voz cativante, chama a atenção, indica-nos o caminho de forma confiante e autoritária. Portador dos nossos sonhos, das nossas ilusões, dos nossos desejos, não nos deixa ficar mal.
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Defende os nossos interesses, guerreiro da cidade, exemplo da região,.presidente do nosso Clube. Desperta paixões e conquista-nos o coração. Legado único de mais de 250 títulos seniores nacionais e internacionais.
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O nome FC Porto escrito a ouro na história do futebol, na história dos grandes clubes multidesportivos e multirraciais. De factos reza a história, como bem se diz.
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Deixo aqui, Presidente, alguns dos nossos momentos, mais meus do que seus, seguramente, vividos por mim na paixão clubística que nos une e que, como bem sabe, foi moldada em nós, portistas, por si de forma direta e indireta e que faz parte integrante do nosso carácter e da nossa personalidade e da forma como fomos educados.
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- "Estás preparado?", naquela noite mágica do primeiro convite;
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- "Apagou-se a Luz, ficaram as trevas", naquela noite mágica do título;
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- "…" Silêncio… apenas… e uma troca de olhares triste de ambos após o 0-2 na primeira mão da meia-final da Taça, contra o Benfica, em casa;
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- "Que gozo que me deu", após o 1-3 para a segunda mão da meia-final da Taça, na Luz;
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-"André, dá cá um abraço"; fim do jogo em Dublin;
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Em 54 títulos de futebol profissional, é injusto e egoísta da minha parte servir-me dos mais recentes, mas faço-o porque traduzem a forte liderança que nos permite continuar a viver tantos momentos de felicidade.
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Neles está presente na sua plenitude a essência do homem, Jorge Nuno. O seu sentido de exigência, a sua assertividade, o seu sentido de humor, a sua ternura. Reconhecemos que quando o vemos, estamos à espera disto, como se tivéssemos o direito de exigir. Não temos. No entanto, ele oferece-nos isso e mais, muito mais...
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… "A Memória dos grandes homens perdura para sempre"… lê-se na famosa lápide…"
(conferir aqui)
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Digo eu (que também sou gente):
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É tudo muito bonito, mas O QUE EU QUERO MESMO É GANHAR AO BEIRA-MAR !

4 comentários:

O Soldado Azul disse...

Este Post é uma reconhecida homenagem ao NGP e fizeste muito bem, Situacionista, em retratar neste espaço a opinião de quem já contribuiu para nos dar alegrias unicas... E concordo com o teu final: "... o que interessa é ganhar ao Beira-Mar"...! Como quem pretende referir, nada de distracções, foquemo-nos no que realmente interessa no presente..!
Não deixo no entanto de discordar com a tua "identificação" de quem faz parte da historia de sucesso do nosso clube... Eu compreendo e respeito que não tenhas apreciado a forma como ambos "sairam" do nosso Clube mas... perante os enormes feitos conquistados, é impensável (digo eu...) não "idolatrar" quem nos ajuda (e de que maneira...) a sermos felizes enquanto dragões...
Saudações

Mr.Duke disse...

Um dos doi acreditou no Presidente e na causa e não teve medo de ser feliz, portista ou não...

meirelesportuense disse...

Os dois decidiram na melhor altura dar o salto.
Um de uma forma mais escondida, outro de um modo mais directo.
Um e outro ganharam no Porto e deram a ganhar ao Porto na hora da saída.
Um depois de sair, chamou Palermo ao Porto ou melhor, igualou as gentes do Porto às gentes de Palermo -embora eu ache que bons e maus existem em todo o lado, até em Setúbal, vejam o génio do pequeno malvado...O outro continuou a vir ao Porto, a clamar o seu amor ao Clube e foi homenageado pelo Clube no Clube, estando presente na festa sem nenhum problema, enquanto o primeiro nunca mais cá veio sem trazer os guardas pessoais à ilharga!...
vejam as diferenças e analisem as semelhanças.

Fanático disse...

Agora, e o NGP concordará comigo, apenas interessa a última frase!

Depois no defeso voltaremos ao tema!

Nada está ganho, não nos esqueçamos!