Para aqueles que não sabem de quem falo, informo que se trata do mui ilustre advogado de Pinto da Costa que teve a fácil (porque tinha a verdade do seu lado) mas simultaneamente hercúlea (pela gigantesca trama que foi criada) tarefa de defender Pinto da Costa nos processos criminais que contra ele foram montados. O que fez com o brilhantismo, a sabedoria e o sucesso que se sabe.
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Aqui fica o meu sincero agradecimento.
A este propósito parece-me oportuno citar um artigo de um fulano, o qual até nem aprecio particularmente, de seu nome, José Manuel Meirim, e que foi publicado no Público:
“1. Nos momentos que se seguiram à absolvição do presidente do FC Porto, no Tribunal de Vila Nova de Gaia, ao contrário do que seria de esperar - olhado o passado recente -, o meu telefone não tocou. Nenhum jornalista recolheu declarações de reacção, procurou dissipar dúvidas jurídicas ou antecipar cenários futuros. Silêncio total.
Por outro lado, o Apito Dourado, neste segmento, também se encontra silenciado.
O que se terá passado?
2. Há dois modos de ler a falta de interesse jornalístico pela notícia daquela absolvição, bem como a ineficácia sancionatória da reabertura dos processos que tiveram o presidente do FC Porto como figura central. Há uma leitura politicamente correcta e uma outra politicamente incorrecta.
De acordo com a primeira, a última decisão judicial (bem como as anteriores) é fruto do normal funcionamento do Estado de direito democrático, em particular, da sua justiça. Corridos os seus termos, os processos chegaram a um resultado possível e fez-se justiça. Tudo se terá passado dentro da normalidade e, portanto, apenas nos temos que congratular pelo funcionamento das instituições.
3. A leitura politicamente incorrecta é bem mais complexa.
O silêncio da imprensa revela uma crença de que o desfecho era expectável, não constituindo notícia que concentrasse as atenções da opinião pública, mais do que o estritamente necessário. Mais coisa, menos coisa, no final, ninguém seria condenado. Já estamos habituados. É sempre assim: com os 'poderosos', "isto não vai dar em nada".
Se essa pode ser uma razão válida para que não ouvisse o meu telefone, não ouvir o Apito Dourado pode ser interpretado como um fracasso da acusação pública.
Com efeito, seria de crer que a reabertura dos processos - acompanhada, como sempre, de forte alarido mediático -, se viesse a revelar eficaz, tendo por base o testemunho de uma pessoa a quem ninguém - a não ser essa mesma acusação pública - reconhecia autoridade moral e crédito?
Quanto de voluntarismo e protagonismo, e mesmo de incompetência, terá concorrido para tal acusação? Quantas horas e recursos públicos se gastaram na investigação e na acusação? Para quê?
A este propósito parece-me oportuno citar um artigo de um fulano, o qual até nem aprecio particularmente, de seu nome, José Manuel Meirim, e que foi publicado no Público:
“1. Nos momentos que se seguiram à absolvição do presidente do FC Porto, no Tribunal de Vila Nova de Gaia, ao contrário do que seria de esperar - olhado o passado recente -, o meu telefone não tocou. Nenhum jornalista recolheu declarações de reacção, procurou dissipar dúvidas jurídicas ou antecipar cenários futuros. Silêncio total.
Por outro lado, o Apito Dourado, neste segmento, também se encontra silenciado.
O que se terá passado?
2. Há dois modos de ler a falta de interesse jornalístico pela notícia daquela absolvição, bem como a ineficácia sancionatória da reabertura dos processos que tiveram o presidente do FC Porto como figura central. Há uma leitura politicamente correcta e uma outra politicamente incorrecta.
De acordo com a primeira, a última decisão judicial (bem como as anteriores) é fruto do normal funcionamento do Estado de direito democrático, em particular, da sua justiça. Corridos os seus termos, os processos chegaram a um resultado possível e fez-se justiça. Tudo se terá passado dentro da normalidade e, portanto, apenas nos temos que congratular pelo funcionamento das instituições.
3. A leitura politicamente incorrecta é bem mais complexa.
O silêncio da imprensa revela uma crença de que o desfecho era expectável, não constituindo notícia que concentrasse as atenções da opinião pública, mais do que o estritamente necessário. Mais coisa, menos coisa, no final, ninguém seria condenado. Já estamos habituados. É sempre assim: com os 'poderosos', "isto não vai dar em nada".
Se essa pode ser uma razão válida para que não ouvisse o meu telefone, não ouvir o Apito Dourado pode ser interpretado como um fracasso da acusação pública.
Com efeito, seria de crer que a reabertura dos processos - acompanhada, como sempre, de forte alarido mediático -, se viesse a revelar eficaz, tendo por base o testemunho de uma pessoa a quem ninguém - a não ser essa mesma acusação pública - reconhecia autoridade moral e crédito?
Quanto de voluntarismo e protagonismo, e mesmo de incompetência, terá concorrido para tal acusação? Quantas horas e recursos públicos se gastaram na investigação e na acusação? Para quê?
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Terá valido a pena - ao interesse público da aplicação da justiça e da perseguição dos criminosos - levantar toda uma máquina, formar equipas especializadas, task forces?
4. Ora, independentemente, de ninguém vir a (des)valorizar o desempenho da acusação pública - mais um fracasso a ser levado à conta da subjectividade das "coisas do direito" -, o que fica dele, e isso é muito grave em termos de consciência social, é que, mais uma vez, a justiça falhou, sendo perfeitamente ineficaz para com as más condutas dos "poderosos". Terá falhado? Ou alguém ou alguns falharam?
O pior que pode ocorrer para os valores da justiça são precisamente estas furiosas vagas plenas de voluntarismo e protagonismo que, no final, quando chegam à praia não passam de areia húmida.
Assim se mina, de forma quase irrecuperável, a confiança na Justiça.
5. Fica-nos, no entanto, uma certeza. Solicitada a comentar a decisão do tribunal, a procuradora-geral adjunta Maria José Morgado declinou o convite, afirmando que não comenta decisões judiciais.
Está aí, pois, seguramente, a única coisa que não comenta.”
(retirado, com consentimento presumido, do “Futebolar”)
Terá valido a pena - ao interesse público da aplicação da justiça e da perseguição dos criminosos - levantar toda uma máquina, formar equipas especializadas, task forces?
4. Ora, independentemente, de ninguém vir a (des)valorizar o desempenho da acusação pública - mais um fracasso a ser levado à conta da subjectividade das "coisas do direito" -, o que fica dele, e isso é muito grave em termos de consciência social, é que, mais uma vez, a justiça falhou, sendo perfeitamente ineficaz para com as más condutas dos "poderosos". Terá falhado? Ou alguém ou alguns falharam?
O pior que pode ocorrer para os valores da justiça são precisamente estas furiosas vagas plenas de voluntarismo e protagonismo que, no final, quando chegam à praia não passam de areia húmida.
Assim se mina, de forma quase irrecuperável, a confiança na Justiça.
5. Fica-nos, no entanto, uma certeza. Solicitada a comentar a decisão do tribunal, a procuradora-geral adjunta Maria José Morgado declinou o convite, afirmando que não comenta decisões judiciais.
Está aí, pois, seguramente, a única coisa que não comenta.”
(retirado, com consentimento presumido, do “Futebolar”)
2 comentários:
Junto a minha à vossa voz.
Um abraço
Excelente post.
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