A corja jornaleira e os reforços.

1. “Reforços e narrativas

Nenhum portista se admira quando as prestações da equipa são noticiadas de forma enviesada.

São resquícios do antigo regime, temperados pelo centralismo e mantidos agora em lume brando pelo interminável e desafinado Apito Dourado.

É natural que os comentadores sejam parciais e a clubite é legítima, desde que seja correspondida por uma declaração de interesses. Ninguém espera isenção de mim (ou do Sílvio e do Rogério).

O que me incomoda são os «especialistas» que se dizem neutros e que, afinal, não o são e jornalistas que deveriam narrar os factos e que, em vez disso, os deturpam.

Quem não seguiu o jogo de Leiria e apenas viu os resumos televisivos, ficará com a ideia que a tarefa do FC Porto foi facilitada pela jogada ilegal que esteve na origem do segundo golo e foi apelidada de escandalosa.

Só que, antes disso, o FC Porto apontara um primeiro golo, logo no início da partida, que fora mal anulado por um pretenso fora de jogo. Porque é que este lance, que também foi um erro do árbitro, não suscitou a mesma atenção dos “media” ?

Na medida em que o antecedeu e porque adiou o desfecho do jogo, não foi mais importante do que o que todos acharam escandaloso e que apenas reforçou a vantagem ?

A vitória do FC Porto foi justa e a União só criou perigo na primeira parte, através de contra-ataques rápidos do seu extremo direito. Enquanto teve pernas, superiorizou-se a Fucile, que continua a ser uma adaptação a defesa-esquerdo, um lugar maldito em que o FC Porto não acerta nas contratações.

Com tudo decidido, e depois de ter iniciado a partida com os seus velhos conhecidos, Jesualdo teve então tempo para rodar os reforços. É natural que, com um calendário difícil, tenha preferido a prata da casa ao ouro por cunhar que lhe chegou da América do Sul, mas a sua opção favorece as especulações sobre a qualidade dos reforços que, mais uma vez, chegaram em quantidade.

Dizem-me que esta é uma boa política, mesmo que só alguns venham a singrar; explicam-me que para acertar num Anderson se tem de comprar não sei quantos Leo Limas; asseguram-me que basta uma boa compra para se poder desperdiçar uma dúzia.

Pelos vistos, os jogadores sul-americanos são como os melões, que só se conhecem depois de abertos. Não sei se é verdade, preferia que se apostasse na formação o que nos poupa a surpresas, mas tranquiliza-me o facto de o FC Porto se poder dar ao luxo de os deixar amadurecer.

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Pior seria se se visse forçado, tal como a concorrência, a servi-los logo à chegada e ainda verdes."

(realçados meus)
Rui Moreira, hoje, em ABola

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2. "Campeão Compra Tempo

O ruído em redor dos reforços do FC Porto não faz sentido.

Ao escolher um onze que já conhece, Jesualdo dá corpo ao sonho de todos os treinadores: começar a temporada com uma equipa estruturada, tranquila, capaz de entender e executar as suas ideias.

O campeão já derrotou três adversários que lhe custaram nove pontos no ano anterior e nota-se que a equipa está melhor a cada partida.

Quanto aos reforços, entram devagar, ao ritmo ideal. Se tudo estiver a decorrer bem, estarão por esta altura a compreender o clube, os colegas e, sobretudo, o que o treinador quer de cada um deles.

O tempo é um bem escasso no futebol. O que Jesualdo Ferreira conseguiu neste arranque perfeito de Liga foi comprar algum, sobretudo para os jogadores novos.

Claro que chegará o dia em que a equipa vai mesmo precisar que digam presente e aí veremos se o campeão tem margem de crescimento ou se é capaz de jogar ‘apenas’ ao nível da época passada.”

(realçados meus)
(citação, cujo autor desconheço, aqui deixada na caixa de comentários por leitor anónimo)