Meus caros, parem tudo o que estão a fazer e vão já ler a crónica de hoje no jornal ABola do Miguel Sousa Tavares.
Absolutamente indescritível !
Só para abrir o apetite deixo-vos aqui o jantar do MST depois da jogo de Sábado:
"Foi festejar até fartar e depois um jantar especial: vieiras recheadas com arroz Carolino de pinhão e morgados do Algarve à sobremesa. Repeti seis vezes !"
Nem sei que mais dizer !!!!!!!!!!
ACHO VOU LER A CRÓNICA OUTRA VEZ...
P.S. - Mal consiga digitalizar ou roubar na bluegosfera o texto integral venho cá colocá-lo.
ADITAMENTO: Aqui fica o texto na íntegra:
"DIGA 23
1- E aí vão vinte e três campeonatos! Já só estamos a oito do Benfica e com cinco de avanço sobre o Sporting: para perceber o impensável que isto era no passado, é preciso ter vivido a infância de portista em Lisboa que eu vivi, sistematicamente a ver o FC Porto ser sovado em Alvalade ou na Luz (e, quando não era, quando aos 20 minutos ainda não estávamos a perder, lá aparecia o inevitável penalty para restabelecer a ordem natural das coisas…). Mas não hei-de morrer sem ver o FC Porto ultrapassar o Benfica em número de campeonatos nacionais — porque, no que respeita a títulos internacionais, há muito que os ultrapassámos, com seis contra dois.
1- E aí vão vinte e três campeonatos! Já só estamos a oito do Benfica e com cinco de avanço sobre o Sporting: para perceber o impensável que isto era no passado, é preciso ter vivido a infância de portista em Lisboa que eu vivi, sistematicamente a ver o FC Porto ser sovado em Alvalade ou na Luz (e, quando não era, quando aos 20 minutos ainda não estávamos a perder, lá aparecia o inevitável penalty para restabelecer a ordem natural das coisas…). Mas não hei-de morrer sem ver o FC Porto ultrapassar o Benfica em número de campeonatos nacionais — porque, no que respeita a títulos internacionais, há muito que os ultrapassámos, com seis contra dois.
Sábado à noite, no Dragão, viveu-se um daqueles momentos em que vale a pena ser portista, arrostar com a inveja dos medíocres, com a maledicência dos impotentes, com as calúnias dos incapazes. Estádio cheio, o mais bonito estádio do mundo, o equipamento mais bonito de todos, a alegria de um público habituado a reagir como uma grande família quando está debaixo de fogo, futebol, golos e espectáculo como só nós e, no fim, contra as contas dos pífios apitos dos invejosos, a festa, a nossa festa — digna, bonita, sentida como nenhuma outra.
Querem-nos tirar seis pontos? Tomem lá seis — seis golos — tomem lá a resposta, em campo, no terreno de todas as verdades. Não chega, querem mais? Venham mais — temos dezoito de avanço! Dezoito, ó tristes gentes que nem perder sabem e cujo treinador até assim se recusa a reconhecer o mérito dos vencedores!
Foi festejar até fartar e depois um jantar especial: vieiras recheadas com arroz Carolino de pinhões e morgados do Algarve à sobremesa. Repeti seis vezes!
2- Deixem-me falar do Benfica. Como, julgo, a grande maioria dos portistas da minha geração, eu cresci a temer e respeitar o Benfica. Temer, porque eles eram tremendamente melhores que nós e, apesar dos Porfírios Alves e Carlos Valentes (o Calabote já não é do meu tempo), eles ganhavam-nos quase sempre porque eram melhores. Respeito, porque o Benfica das décadas 60 e 70 era a casa do Eusébio e o orgulho dos portugueses. O meu pai, que era sportinguista, levou-me duas vezes à Luz, naquelas longínquas «noites europeias do inferno da Luz», e ambos torcemos e gritámos pelo Benfica. É verdade, e até levava o meu cachecol do FC Porto!
Agora, quando oiço Sílvio Cervan dizer que o Benfica é o maior clube do Porto e a maior referência internacional do nosso futebol, sinto um misto de pena deles e, simultaneamente, um reconforto: enquanto os adversários continuarem a guiar-se por ilusões ou propaganda para papalvos, nós continuaremos seguramente a ganhar. Há muitos locais do Porto onde eu encontro facilmente bandeiras do FC Porto penduradas nas janelas ou nas portadas das casas. Mas não me lembro de ver alguma do Benfica e, por favor, não me venham com a necessidade da clandestinidade: se são o maior clube, porque temeriam mostrá-lo? Também ando por aí no mundo e sou capaz de informar o Sílvio Cervan que, da Turquia a Angola e todos os Palop's, e do Brasil à Tailândia, o que vejo são camisolas do FC Porto e o que oiço falar, quando se fala do futebol português e o interlocutor não tem mais de 50 anos, é do FC Porto e não do Benfica.
De um lado ao outro do mundo, a gente do futebol sabe quem são o Bosingwa, o Lucho, o Quaresma, o Lisandro, e sabem quem foram o Deco, o Ricardo Carvalho, o Vítor Baía e o calcanhar do Madjer. Mas lamento informar que ninguém sabe quem sejam o Petit, o Di María, o Katsouranis ou o Maxi Pereira.
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O que aconteceu ao meu antigo respeito pelo Sport Lisboa e Benfica — e julgo que aconteceu também com todos os outros adeptos portistas e sportinguistas — é que o fui perdendo aos poucos. O Benfica das últimas décadas — o Benfica de Jorge de Brito, Vale e Azevedo, Filipe Vieira, de gente como João Malheiro, José Veiga ou Carolina Salgado — é um Benfica que eu não vejo razões para admirar. Não porque percam, mas porque não sabem perder. São arrogantes por natureza, como se, por determinação divina, tivessem direito a ganhar sempre ou quase sempre; nunca, jamais, reconhecem o mérito de uma vitória alheia; vivem em busca do conflito, da calúnia, da suspeita não provada jogada aos quatro ventos. Gritam pela justiça do Apito Dourado mas foram eles que se aliaram ao major Valentim para controlar a Liga, no seu pior momento, porque, como explicou Vieira, isso era mais importante do que ter bons jogadores ou jogar bem; clamam que são as virgens virtuosas do futebol, mas esquecem-se de coisas como o caso Paulo Madeira, o jogo comprado ao Estoril para o Algarve ou a forma como foram campeões pela última vez, com todos os golos dos últimos jogos a resultarem de penalties ou livres à entrada da área.
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Não sei se o Sílvio Cervan conseguirá acreditar na sinceridade do que vou dizer: o que o Benfica mais perdeu nas últimas décadas não foram campeonatos. Foi o respeito dos adversários, uma coisa que levara gerações a construir e que representava um imenso capital de prestígio e grandeza. Hoje, o Benfica é um clube que só os seus estimam. Dir-me-ão que o mesmo sucede com o FC Porto e eu respondo que acho que não é bem assim, mas, mesmo que o seja, ao contrário da história do Benfica, nós nunca gozámos de outro estatuto e estamos bem habituados a viver com isso.
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3- No Bessa, o Benfica fez um belo jogo e o suficiente para ganhar folgadamente. Mas teve um grande guarda-redes pela frente, teve falhanços vários e azar muito. Mas também teve sorte, quando Jorge Ribeiro (já anunciado como reforço benfiquista para o ano que vem) não conseguiu acertar um passe lateral fácil para qualquer um de três colegas isolados frente a Quim e cobrou um penalty com a displicência de quem sacode uma mosca. Com toda a falta de sorte que desta vez teve, o Benfica até podia ter acabado a perder o jogo. Já se sabe e foi dito oficialmente, que só não o ganhou por culpa do árbitro. Eu, que sou suspeito, não vi qualquer um dos dois penalties tão reclamados, mas não deixo de sorrir quando vejo Vieira a acusar Lucílio Baptista de «viciar o resultado». É que este é o mesmo Lucílio Baptista a quem todos os portistas desejam ardentemente a reforma, depois de anos a fio a prejudicar sistematicamente o FC Porto, a benefício do Sporting e também do Benfica, que lhe deve uma valiosa colaboração na final da Taça de 2004. Sabendo-se que o homem sempre teve horror ao azul-e-branco e que o FCP, aliás, é parte agora desinteressada da batalha atrás de si, as suspeitas de Vieira, desta vez, só podem apontar para o vizinho do lado — o Sporting, pois claro!
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É verdade, porém, que o V. Guimarães, segundo rezam as crónicas, foi beneficiado com a arbitragem em Paços de Ferreira, e que o Sporting, numa altura em que bem oscilava, viu o árbitro anular misteriosamente um golo ao Sp. Braga, em Alvalade. Mas isso ainda me dá mais vontade de sorrir. É que o arbitro — que é testemunha de acusação no Apito Dourado — é nem mais nem menos do que o célebre Bruno Paixão, do inesquecível Campomaiorense-FC Porto, a mais escandalosa arbitragem a que alguma vez assisti, em que até era preciso o Jorge Costa colar-se às costas do Jardel nos cantos para que ele não fosse sistematicamente agarrado nas barbas do árbitro por um rapaz que o Benfica tinha emprestado ao Campomaiorense (e, por acaso, o jogo viria a valer um campeonato perdido pelo FC Porto). Pelo que, se agora o mesmo árbitro — que, aliás, nunca mostrou categoria para a primeira Liga — descobriu em Alvalade uma falta que nem o Além conseguiria descortinar, e se com isso passou a ser suspeito de prejudicar o Benfica ao ponto de Luís Filipe Vieira pedir à PJ que entre em campo, a mim só me dá vontade de sorrir e pensar que belas testemunhas juntou o Ministério Público para o Apito Dourado!
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Mas, para a semana, tão certo como dois e dois serem quatro, vai haver um erro de arbitragem a favor do Benfica e o Sporting vai achar-se com razões de queixa do árbitro e invertem-se os papéis: um grita e o outro fica muito bem caladinho. São tão previsíveis os nossos rivais!"
8 comentários:
"DIGA 23
1- E aí vão vinte e três campeonatos! Já só estamos a oito do Benfica e com cinco de avanço sobre o Sporting: para perceber o impensável que isto era no passado, é preciso ter vivido a infância de portista em Lisboa que eu vivi, sistematicamente a ver o FC Porto ser sovado em Alvalade ou na Luz (e, quando não era, quando aos 20 minutos ainda não estávamos a perder, lá aparecia o inevitável penalty para restabelecer a ordem natural das coisas…). Mas não hei-de morrer sem ver o FC Porto ultrapassar o Benfica em número de campeonatos nacionais — porque, no que respeita a títulos internacionais, há muito que os ultrapassámos, com seis contra dois.
Sábado à noite, no Dragão, viveu-se um daqueles momentos em que vale a pena ser portista, arrostar com a inveja dos medíocres, com a maledicência dos impotentes, com as calúnias dos incapazes. Estádio cheio, o mais bonito estádio do mundo, o equipamento mais bonito de todos, a alegria de um público habituado a reagir como uma grande família quando está debaixo de fogo, futebol, golos e espectáculo como só nós e, no fim, contra as contas dos pífios apitos dos invejosos, a festa, a nossa festa — digna, bonita, sentida como nenhuma outra.
Querem-nos tirar seis pontos? Tomem lá seis — seis golos — tomem lá a resposta, em campo, no terreno de todas as verdades. Não chega, querem mais? Venham mais — temos dezoito de avanço! Dezoito, ó tristes gentes que nem perder sabem e cujo treinador até assim se recusa a reconhecer o mérito dos vencedores!
Foi festejar até fartar e depois um jantar especial: vieiras recheadas com arroz Carolino de pinhões e morgados do Algarve à sobremesa. Repeti seis vezes!
2- Deixem-me falar do Benfica. Como, julgo, a grande maioria dos portistas da minha geração, eu cresci a temer e respeitar o Benfica. Temer, porque eles eram tremendamente melhores que nós e, apesar dos Porfírios Alves e Carlos Valentes (o Calabote já não é do meu tempo), eles ganhavam-nos quase sempre porque eram melhores. Respeito, porque o Benfica das décadas 60 e 70 era a casa do Eusébio e o orgulho dos portugueses. O meu pai, que era sportinguista, levou-me duas vezes à Luz, naquelas longínquas «noites europeias do inferno da Luz», e ambos torcemos e gritámos pelo Benfica. É verdade, e até levava o meu cachecol do FC Porto!
Agora, quando oiço Sílvio Cervan dizer que o Benfica é o maior clube do Porto e a maior referência internacional do nosso futebol, sinto um misto de pena deles e, simultaneamente, um reconforto: enquanto os adversários continuarem a guiar-se por ilusões ou propaganda para papalvos, nós continuaremos seguramente a ganhar. Há muitos locais do Porto onde eu encontro facilmente bandeiras do FC Porto penduradas nas janelas ou nas portadas das casas. Mas não me lembro de ver alguma do Benfica e, por favor, não me venham com a necessidade da clandestinidade: se são o maior clube, porque temeriam mostrá-lo? Também ando por aí no mundo e sou capaz de informar o Sílvio Cervan que, da Turquia a Angola e todos os Palop's, e do Brasil à Tailândia, o que vejo são camisolas do FC Porto e o que oiço falar, quando se fala do futebol português e o interlocutor não tem mais de 50 anos, é do FC Porto e não do Benfica.
De um lado ao outro do mundo, a gente do futebol sabe quem são o Bosingwa, o Lucho, o Quaresma, o Lisandro, e sabem quem foram o Deco, o Ricardo Carvalho, o Vítor Baía e o calcanhar do Madjer. Mas lamento informar que ninguém sabe quem sejam o Petit, o Di María, o Katsouranis ou o Maxi Pereira.
O que aconteceu ao meu antigo respeito pelo Sport Lisboa e Benfica — e julgo que aconteceu também com todos os outros adeptos portistas e sportinguistas — é que o fui perdendo aos poucos. O Benfica das últimas décadas — o Benfica de Jorge de Brito, Vale e Azevedo, Filipe Vieira, de gente como João Malheiro, José Veiga ou Carolina Salgado — é um Benfica que eu não vejo razões para admirar. Não porque percam, mas porque não sabem perder. São arrogantes por natureza, como se, por determinação divina, tivessem direito a ganhar sempre ou quase sempre; nunca, jamais, reconhecem o mérito de uma vitória alheia; vivem em busca do conflito, da calúnia, da suspeita não provada jogada aos quatro ventos. Gritam pela justiça do Apito Dourado mas foram eles que se aliaram ao major Valentim para controlar a Liga, no seu pior momento, porque, como explicou Vieira, isso era mais importante do que ter bons jogadores ou jogar bem; clamam que são as virgens virtuosas do futebol, mas esquecem-se de coisas como o caso Paulo Madeira, o jogo comprado ao Estoril para o Algarve ou a forma como foram campeões pela última vez, com todos os golos dos últimos jogos a resultarem de penalties ou livres à entrada da área.
Não sei se o Sílvio Cervan conseguirá acreditar na sinceridade do que vou dizer: o que o Benfica mais perdeu nas últimas décadas não foram campeonatos. Foi o respeito dos adversários, uma coisa que levara gerações a construir e que representava um imenso capital de prestígio e grandeza. Hoje, o Benfica é um clube que só os seus estimam. Dir-me-ão que o mesmo sucede com o FC Porto e eu respondo que acho que não é bem assim, mas, mesmo que o seja, ao contrário da história do Benfica, nós nunca gozámos de outro estatuto e estamos bem habituados a viver com isso.
3- No Bessa, o Benfica fez um belo jogo e o suficiente para ganhar folgadamente. Mas teve um grande guarda-redes pela frente, teve falhanços vários e azar muito. Mas também teve sorte, quando Jorge Ribeiro (já anunciado como reforço benfiquista para o ano que vem) não conseguiu acertar um passe lateral fácil para qualquer um de três colegas isolados frente a Quim e cobrou um penalty com a displicência de quem sacode uma mosca. Com toda a falta de sorte que desta vez teve, o Benfica até podia ter acabado a perder o jogo. Já se sabe e foi dito oficialmente, que só não o ganhou por culpa do árbitro. Eu, que sou suspeito, não vi qualquer um dos dois penalties tão reclamados, mas não deixo de sorrir quando vejo Vieira a acusar Lucílio Baptista de «viciar o resultado». É que este é o mesmo Lucílio Baptista a quem todos os portistas desejam ardentemente a reforma, depois de anos a fio a prejudicar sistematicamente o FC Porto, a benefício do Sporting e também do Benfica, que lhe deve uma valiosa colaboração na final da Taça de 2004. Sabendo-se que o homem sempre teve horror ao azul-e-branco e que o FCP, aliás, é parte agora desinteressada da batalha atrás de si, as suspeitas de Vieira, desta vez, só podem apontar para o vizinho do lado — o Sporting, pois claro!
É verdade, porém, que o V. Guimarães, segundo rezam as crónicas, foi beneficiado com a arbitragem em Paços de Ferreira, e que o Sporting, numa altura em que bem oscilava, viu o árbitro anular misteriosamente um golo ao Sp. Braga, em Alvalade. Mas isso ainda me dá mais vontade de sorrir. É que o arbitro — que é testemunha de acusação no Apito Dourado — é nem mais nem menos do que o célebre Bruno Paixão, do inesquecível Campomaiorense-FC Porto, a mais escandalosa arbitragem a que alguma vez assisti, em que até era preciso o Jorge Costa colar-se às costas do Jardel nos cantos para que ele não fosse sistematicamente agarrado nas barbas do árbitro por um rapaz que o Benfica tinha emprestado ao Campomaiorense (e, por acaso, o jogo viria a valer um campeonato perdido pelo FC Porto). Pelo que, se agora o mesmo árbitro — que, aliás, nunca mostrou categoria para a primeira Liga — descobriu em Alvalade uma falta que nem o Além conseguiria descortinar, e se com isso passou a ser suspeito de prejudicar o Benfica ao ponto de Luís Filipe Vieira pedir à PJ que entre em campo, a mim só me dá vontade de sorrir e pensar que belas testemunhas juntou o Ministério Público para o Apito Dourado!
Mas, para a semana, tão certo como dois e dois serem quatro, vai haver um erro de arbitragem a favor do Benfica e o Sporting vai achar-se com razões de queixa do árbitro e invertem-se os papéis: um grita e o outro fica muito bem caladinho. São tão previsíveis os nossos rivais!"
Miguel Sousa Tavares
O dengue volta a atacar.
DEpois do Konpensan e do Rennie, também esgotou o repelente?
Brilhante artigo do M.S.Tavares dos melhores de sempre.
Um abraço
Artigo fabuloso do MST!
Muito bem!
Tricampeões Olé!!!
Limpa Tudo,
Obrigado. Vou postar o texto.
Acabo de ler esta coisa verdadeiramente IMPRESSIONANTE e que foi relatada pelo Jorge Coroado no Tribunal de Gondomar (apito dourado):
"Para justificar a decisão do árbitro Pedro Sanhudo - que, por indicação do seu árbitro assistente Ricardo Pinto, assinalou uma grande penalidade que deu a vitória ao Gondomar no jogo com o Pedras Rubras -, Jorge Coroado confessou um "crime" cometido por si num Benfica-FC Porto.
Disse Coroado que foi um lance corrido, no qual não se encontrava na melhora posição, e que envolveu o benfiquista Kandourov e Vítor Baía.
"O guarda-redes do FC Porto saiu aos pés do jogador do Benfica e não me pareceu grande penalidade quando este caiu mas o meu árbitro assistente continuou a correr para a bandeirola de fundo e segui a sua indicação", contou.
A surpresa veio a seguir: "Quando já tinha advertido o Vítor Baía com um cartão amarelo e estava junto da marca de grande penalidade, o meu assistente correu para o centro do terreno e deu-me a indicação de que a falta tinha sido ao contrário, mas já tinha advertido o jogador do FC Porto e já estava na marca do penálti e não voltei atrás". Ao intervalo, Coroado diz ter questionado o seu assistente sobre a sinaléctica inicial, tendo este dito que não conseguiu travar a corrida."
( http://www.record.pt/noticia.asp?id=782340&idCanal=2497 )
DÁ PARA ACREDITAR ??!!!
Situacionista
Consegui ouvir hoje essa notícia na Rádio Nova, não a ouvi em mais nemhuma rádio, nem em nenhuma televisão. Foi ignorado, pura e simplesmente.
Não é difícil fazer um exercício de imaginação e pensar o quanto a afirmação dele seria divulgada em todos os noticiários se o tal penalty fosse a favor do Porto.
1) Parece que o tri-campeonato terá libertado o MST dos seus últimos condicionalismos. Está fabuloso! Assim sim!
2) Também ouvi essa notíca do Jorge Coroado que, ao contrário da corja repelente reinante faz crer, parece querer dizer, afinal, que os árbitros estavam condicionados no sentido de prejudicar o FCP e não o contrário. Só duas notas/perguntas:
a) O Coroado também o crime confessou à data? Ou teve medo de ser mandado para a jarra, por falta de coragem em admitir que prejudicou o FCP?
b) A falta de divulgação não surpreende, obviamente por estar instalado um clima de perseguição, a todo custo contra o FCP e o seu/NGP, e não é conveniente vir a público factos, confessados, de prejuízos ao FCP. A censura é tal que faz lembrar tempos idos em que os então insinuadores da falta de liberdade de imprensa não se queixam agora da mesma realidade só porque não lhes é conveniente. Onde isto chegou!
c) Gostei ainda, da ironia falciosa, do Coroado quando disse : ainda bem que não foi golo!!!. Fantástico...
PINTO DA COSTA
Horas depois do caso Mourinho, Antero Henriques, dirigente da SAD, prepara com Pinto da Costa as primeiras explicações para negar os insultos de Mourinho e o caso da camisola rasgada.
Antero Luís (A) - Foda-se! Não dormi um caralho! Estou com uma enxaqueca, pá.
Pinto da Costa (PC) - Filhos da puta.... [...] Tínhamos morto esta merda ontem [...]
A - Embora eu ache que o Mourinho, no final, também se exaltou muito!
PC - É, um bocado.
A - É! Aquela história de dizer que o Rui Jorge morreu em campo e...
PC - Ele disse aonde?
A - Ele diz que disse cá em baixo, disse cá em baixo, junto a... quando estava a malta toda ali! Mas eu liguei para a 'Bola' e para o 'Jogo' a desmentir! A dizer que ele estava a dizer que era mentira!
PC - Não, não! Não... não é desmentir! A gente tem é de processar o gajo que diz! [...]
A - É... e em relação à camisola, também tem de se arranjar ali uma tanga, presidente!
PC - Arranjar que ele foi provocar para a porta do balneário!
A - É. E que o Mourinho disse que: "Esta camisola é indigna de ser trocada. Porque se a tivesse rasgado não a mandava outra vez para o balneário do Sporting." [...] É! Temos de arranjar aí uma tanga, senão saímos por baixo desta merda toda.
PC - Mas já falou com o Mourinho, não?
A - Não, não, não. Vou agora com ele ver o Rio Ave, agora, às quatro horas!
PC - É... mas diga-lhe, é pá! Ele que não preste dec... diga-lhe só...
A - Não, por isso é que vou com ele! Por isso é que vou com ele!
PC - E amanhã é um processo-crime contra...
A - É...
PC - Esse Bettencourt e os jornais carago!
A - É que esse gajo é mesmo um cobarde!
VALENTIM LOUREIRO
No dia 2 de Fevereiro, Pinto da Costa toma conhecimento de que Mourinho terá um processo disciplinar e que não haverá qualquer processo contra Liedson, jogador do Sporting, que alegadamente teria agredido Jorge Costa. Zangado, liga para Valentim Loureiro a pedir explicações.
Valentim Loureiro (VL) - Estou!
Pinto da Costa (PC) - Sr. presidente, como está?
VL - Ilustre amigo!
PC - Eu estou um bocado fodido com o meu amigo!
VL - Comigo?
PC - Então! Eu falo-lhe no Liedson... o Liedson não apanha nada, põe um processo disciplinar ao Mourinho!!!
VL - Isso ainda não está decidido, pois não?
PC - Está! Então! O processo disciplinar
VL - Eu cheguei agora à Liga [...] Como é que você sabe?
PC - Oh...
VL - Foi algum comunicado?
PC - Estou a dizer-lhe! Processo disciplinar ao Mourinho!
VL - Ó pá, desconheço isso em absoluto! Cheguei agora!
PC - E ao Liedson nada! [...] Vai um gajo à televisão dizer que o Paulino, que o Paulino que é um atrasado mental disse uma coisa e pronto! E o treinador tem um processo disciplinar!
VL - Jorge, eu vou ver isso, está bem?
PC - Está!
ADELINO CALDEIRA
Quatro horas depois de ter falado com Valentim, Pinto da Costa recebe um telefonema de Adelino Caldeira, também administrador da SAD, que já conhecia o relatório do árbitro.
Pinto da Costa (PC) - Estou?
Adelino Caldeira (AC) - Estive a ver o relatório, pá... ali há uma coisa complicada! O... aquele cabrão de Braga, o Paulino, sabe quem é?
PC - Sim, sim...
AC - O gajo escreve que viu! A história da camisola! [...] É o que ele escreve, presidente!
PC - Oh!
AC - Pois, está bem! Agora, ó presidente, das duas uma: ou se arranja alguém que chegue ao pé do gajo, que o gajo vá dizer que não viu mas que lhe foram contar... ou se o gajo mantém essa versão no relatório, no mínimo uma semana, no mínimo!
PC - É um filho da puta! [...] Quem se dá.... quem se dá bem com ele é o Zé Mário!
AC - Ó presidente, quer que eu fale com ele?
PC - O Zé. Eu falo com o Zé Mário!
AC - É que... atenção! Ou o gajo chega lá... o gajo, o gajo não chega lá a dizer que viu! Porque ele... porque ele, depois diz a seguir: e quanto à afirmação veio contar-me o Bettencourt! Portanto!
PC - Ah!
AC - ...o que se presume que ele viu! Agora o que ele pode dizer - como está lá escrito no relatório! - "Não, a mim também me contaram!"
PC - Pois.
AC - Ó pá! É tão simples quanto isso! É que se não aquilo dá um mês de pena mínima, no caso dos treinadores é reduzido para 25 por cento!... é pá, que dá um mínimo de uma semana... [...] Não tem hipótese nenhuma mas... ó pá, pode dar e depois e... estes cabrões ... pode dar sempre duas a três semanas. E se eles derem por exemplo três meses - por causa do passado do Mourinho! - ou quatro... 25 por cento é um mês não é? [...]
PC - É... mas eu falo com ele amanhã.
PINTO DA COSTA
No dia seguinte, 4 de Fevereiro, Pinto da Costa e Antero falam logo pela manhã. Antero Henriques está preocupado com Mourinho que entende não ter recebido a necessária solidariedade dos dirigentes portistas.
Pinto da Costa (PC) - Estou!
Antero Henriques (A) - Devia ir a Gaia, que o gajo está todo atrofiado!
PC - Porquê? Lá por causa...
A - Estive agora a falar com ele, diz que não sente da parte do clube... uma defesa que vai... que vai... vai avançar sozinho!
PC - Não sente, da parte do clube?
A - Não!
PC - Uma grande defesa???
A - Disse-lhe: "Ó pá, isso não tem jeito nenhum!" ...diz: "Ó pá, mas pronto! Não, não sinto uma solidariedade pá... as pessoas vão dizer que... pá... pede desculpa ao Sporting" e o caralho... [...]
PC - Não! Nós já ontem pusemos uma coisa no site...
A - Eu sei, eu sei, eu sei. Mas ó presidente, eu acho que devíamos ir com uma queixa-crime para cima do delegado da Liga se fosse possível!
PC - Isso é a minha ideia!
A - Se fosse possível... falar com o Adelino, se é tecnicamente possível... Avançar já com essa merda!
VALENTIM LOUREIRO
Minutos depois de terminar a conversa, Pinto da Costa telefona a Valentim e ameaça que os jogadores não vão à Luz se Mourinho for punido. A intenção no entanto nunca existiu, como se comprova em outros telefonemas.
Pinto da Costa (PC) - Eu precisava de falar consigo porque isto está a tomar proporções que vai dar uma bronca do carago!
Valentim Loureiro (VL) - Então?
PC - Eu estou aqui no centro de estágio... e os jogadores estão reunidos...
VL - Hum...
PC - e querem faltar ao jogo da Luz!
VL - Faltar?
PC - Sim...
VL - Oh!
PC - Perdem os três pontos, não há problema!
VL - Oh, oh, oh.
PC - Não querem e o Mourinho vai processar judicialmente o delegado da Liga! Já entregou a um advogado!
VL - Hum... Você vem para baixo?
PC - Eu... eu estou aqui, estou a falar com eles... estão reunidos [...] Depois vou para a torre das Antas!
VL - Então ligue-me, lá para o meio-dia.
ANTERO HENRIQUES
O actual número dois do Porto depois de se reunir com José Mourinho liga a Pinto da Costa a contar-lhe o estado de espírito do treinador. Por sua vez, Pinto da Costa relata a Antero a conversa com Valentim e conta-lhe que disse que os jogadores ameaçavam não ir à Luz.
Pinto da Costa (PC) - Esteve com o homem?
Antero (A) - [...] Ele está um bocado atrofiado... mas ó presidente, ele também é incoerente, percebe? [...] Como é que correu com o Major, presidente?
PC - Ó pá, disse-lhe que havia a bomba de podermos dia 14 .... faltar! Ele entrou em pânico ... e eu disse-lhe: "Ó Major, eu sei que não adianta nada, mas pelo menos, olhe, vamos ter a oportunidade de dizer ao mundo do futebol porque é que temos de fazer isto!"
ADELINO CALDEIRA
Terminado o telefonema com Antero, Pinto da Costa telefona a Adelino Caldeira e conta-lhe da ameaça de não jogarem com o Benfica. Ao administrador da SAD, Pinto da Costa diz que aquilo não passou de uma tanga e que serviu para assustar Valentim. Caldeira promete ligar depois ao Major a meter "veneno" sobre a mesma matéria. E no dia seguinte volta a ligar a Pinto da Costa porque já "conseguira" mudar o relatório do observador.
Adelino Caldeira (AC) -Ameaçou com o Estádio do Benfica?
Pinto da Costa (PC) - Exacto, fiz uma tanga quando estava a falar com ele, de modo que o gajo ficou em pânico. [...]
AC - O relatório, segundo o relatório, diz claramente que não viu nada... e que foi só o Bettencourt que lhe contou tudo o que escreveu! Portanto melhor que isto é impossível!
PC - É impossível, está bem! [...]
AC - Portanto o relatório limpa tudo completamente, OK?
PC - OK.
AC - Diz exactamente isso. Claro que o gajo vai ser sacrificado, se calhar vai ter de lhe deitar a mão, mas também o gajo foi um filho da puta, escreveu primeiro portanto... que se lixe, né?
GOMES DA SILVA
Adelino Caldeira diz a Pinto da Costa que falou com o juiz Gomes da Silva, da Comissão Disciplinar da Liga, porque Mourinho só podia ser ouvido após ter recebido a nota de culpa.
Adelino Caldeira (AC)- Antes do sr. ligar pedi uma chamada para o Gomes da Silva. Foi combinado entre mim, o dr. Gomes da Silva e o Major que o sr. José Mourinho só seria ouvido depois de receber a nota de culpa. Porque eu quero que ele seja acusado só naquele artigo que dá multa, que foi o que nós combinámos.
ANTERO HENRIQUES: INCIDENTES DESMENTIDOS AOS JORNAIS
"Ele disse cá em baixo, junto a.... quando estava a malta toda. Mas eu já liguei para a 'Bola' e para o 'Jogo' a desmentir! A dizer que era mentira!"
CALDEIRA QUER MUDAR DEPOIMENTO
"Ou se arranja alguém que chegue ao pé do gajo, que o gajo vá dizer que não viu mas que lhe vieram contar [...] ou se o gajo mantém a versão é uma semana no mínimo."
PINTO DA COSTA: AMEAÇA DE BOICOTE NA LUZ
"Fiz uma tanga [os jogadores não irem jogar à Luz] quando estava a falar com ele de modo que o gajo [Valentim] ficou em pânico."
J. BETTENCOURT: RELATÓRIO FOI MUDADO
"O relatório limpa tudo [...] diz claramente que não viu nada... e que foi só o Bettencourt que lhe contou tudo o que escreveu! Melhor era impossível."
GOMES DA SILVA: COMBINAR COM JUIZ DATA DA AUDIÇÃO
"Foi combinado entre mim, o dr. Gomes da Silva e o Major que o sr. José Mourinho só seria ouvido depois de receber a nota de culpa. [...] Foi isso o que nós combinámos"
NOTAS
INQUÉRITO EM CURSO
Carlos Teixeira, procurador de Gondomar, considerou que as escutas que o CM divulga hoje configuravam suspeitas do crime de tráfico de influências. O inquérito ainda está a correr.
CONDUTA VIOLADORA
A Comissão Disciplinar da Liga concluiu que os incidentes em Alvalade eram reveladores de "conduta violadora de deveres elementares". Mourinho foi castigado com dez dias de suspensão.
CONSCIÊNCIA
Os elementos da CD Liga concluem ainda que o técnico do FC Porto, José Mourinho, agiu com "consciência da ilicitude" e "censurabilidade da sua conduta".
JUIZ NEGA EMPREGO
António Mortágua, um dos juízes apanhado nas escutas do 'Apito Dourado', negou ontem ao CM que o filho tenha alguma vez trabalhado na Câmara de Gondomar.
CAMISOLA RASGADA
O Relatório da Comissão Disciplinar da Liga deu como provado que o roupeiro do FC Porto regressou do balneário portista com uma camisola do Sporting rasgada.
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