Deixo-vos abaixo o artigo no JN (edição de ontem) sobre o homem do Presidente:
“Profissionalismo, inteligência, sentido de humor, obcecado em vencer e crente em Deus. Bem podiam ser os predicados de Pinto da Costa, mas são as cinco premissas incontornáveis de Antero José Gomes da Ressurreição Henrique, director-geral do futebol do F. C. Porto. O delfim do presidente faz hoje 40 anos e é um dos elementos com mais peso e preponderância na estrutura do clube. Há mesmo quem o aponte como um dos possíveis sucessores do grande líder.
A face reservada do homem mais próximo do presidente pode ser interpretada como uma estratégia de defesa, mas quem o conhece caracteriza-a como um comportamento inato e típico dos tempos de criança. Enquanto os amigos se identificavam com os grandes craques de futebol, os que marcavam mais golos ou os que faziam as fintas mais exuberantes, Antero Henrique revia-se nos jogadores que passavam despercebidos. Preferia os mais regulares, os mais discretos e os mais eficientes.
Hoje cabe-lhe a responsabilidade de formar e gerir o plantel do F. C. Porto, com inegável sucesso, ele que em três anos de director-geral festejou outros tantos títulos nacionais.
Fixava números
Filho de uma professora primária e de um sargento da Guarda Fiscal, nasceu em Vinhais, vila transmontana do distrito de Bragança, a 7 de Abril de 1968, quando Pinto da Costa ainda subia a escada do dirigismo portista. Teve uma educação católica - um dos tios é padre - e assente em princípios sólidos e bem disciplinados. Era um aluno aplicado e que também "gostava de jogar pingue-pongue" na escola preparatória, como recorda Mário Gonçalves, o actual presidente do F. C. Vinhais. Nessa altura, nas brincadeiras e nos jogos de miúdos, já revelava uma faceta marcante da sua personalidade "Se não ganhasse, ficava amuado", sublinha o amigo Roberto Patrick Afonso, comerciante de pneus.
Mas Antero Henrique também se distinguia pela face iluminada, pelo sentido de observação e pela perspicácia - hoje é uma das suas imagens de marca. Era capaz de fixar os pormenores mais insignificantes, aqueles que passavam ao lado dos amigos mais chegados, mas que faziam a diferença nos momentos oportunos "Tinha uma memória e uma capacidade impressionante de fixar números. Sabia de cor vários números de telefone e as datas de nascimento. Olhava e fixava logo. É muito inteligente", resume Nuno Afonso, proprietário do restaurante "Madre Garcia", com quem viveu na mesma casa quando estudaram no Porto.
Em miúdo, Roberto Patrick Afonso diz que Antero Henrique "nutria simpatia pelo Benfica", mas os amigos que o acompanharam na adolescência garantem que "sempre foi portista", vibrava muito com as vitórias dos dragões e gostava de ir às Antas ver os jogos e os treinos. Um dos episódios mais marcantes foram os festejos da magnífica vitória em Viena, na Taça dos Campeões Europeus, quando Madjer e Juary colocaram o nome do F. C. Porto na rota internacional. "Tem um sentido de humor único, tem o sangue quente e é emotivo. E nunca se esqueceu dos amigos da terra", conta Edmundo Afonso.
Snooker depois do jantar
A vida académica repartiu-se entre Vinhais, Bragança e o Porto, onde chegou no ano lectivo de 1986/87, para se instalar numa casa na Rua de Santa Catarina, bem perto da Praça Marquês do Pombal, onde todas as noites desafiava a destreza nas mesas de snooker. Ir ao cinema era outro dos passatempos preferidos e o grande defeito era a dificuldade em cumprir horários, pois "chegava sempre atrasado" aos convívios. "Era uma pessoa discreta e muito religiosa. Ia todos os domingos à missa", diz Abílio Barreira, desenhador na Câmara Municipal de Vinhais, que viveu na mesma casa nos tempos de escola.
Em 1990, abre-se um novo capítulo que iria mudar a sua vida. Antero Henrique entrou no F. C. Porto como tarefeiro a colaborar numa renovação do número de associados. Depois, fixou-se na revista Dragões, primeiro como secretário de redacção e, depois, como coordenador. A partir daí, começa a subir nas escadas do clube, revelando uma capacidade de trabalho, eficiência e perspicácia acima da média.
Leal ao presidente
Foi assessor de imprensa, director de relações externas, responsável pelo departamento de marketing, desempenhando, ainda, funções ao nível da organização dos jogos. Foi ele que começou a preparar as conferências de imprensa com os treinadores - no F. C. Porto, nunca mais ninguém enfrentou os jornalistas desprevenido. Nessa altura, no início desta década, as suas opiniões no que ao futebol diz respeito já eram ouvidas e muitas vezes decisivas. Quando rebentou o Apito Dourado, esteve sempre ao lado de Pinto da Costa, por quem tem uma lealdade acima de qualquer suspeita. Em 2005, foi nomeado director geral do futebol e, a partir daí, o F. C. Porto já vai em três títulos nacionais, uma Taça de Portugal e uma Supertaça. Quem já trabalhou com ele, diz que Antero Henrique antecipa as decisões de uma forma prática "Enquanto os outros ainda estão a pensar, ele já está a executar". Com ele, o futuro começa a ser construído de imediato. Talvez por isso não falte quem o aponte como sucessor de Pinto da Costa. “
Pergunto:
- Será mesmo o sucessor?
- Por mais que consideremos e desejemos que tenha saúde e que seja o NGP por muitos anos, não estará o próprio já a preparar a sucessão, sendo mesmo o Delfim ?
- Como Director-Geral do Futebol, não estará a adquirir o Know-how para dar seguimento ao NGP?
Saudações
A face reservada do homem mais próximo do presidente pode ser interpretada como uma estratégia de defesa, mas quem o conhece caracteriza-a como um comportamento inato e típico dos tempos de criança. Enquanto os amigos se identificavam com os grandes craques de futebol, os que marcavam mais golos ou os que faziam as fintas mais exuberantes, Antero Henrique revia-se nos jogadores que passavam despercebidos. Preferia os mais regulares, os mais discretos e os mais eficientes.
Hoje cabe-lhe a responsabilidade de formar e gerir o plantel do F. C. Porto, com inegável sucesso, ele que em três anos de director-geral festejou outros tantos títulos nacionais.
Fixava números
Filho de uma professora primária e de um sargento da Guarda Fiscal, nasceu em Vinhais, vila transmontana do distrito de Bragança, a 7 de Abril de 1968, quando Pinto da Costa ainda subia a escada do dirigismo portista. Teve uma educação católica - um dos tios é padre - e assente em princípios sólidos e bem disciplinados. Era um aluno aplicado e que também "gostava de jogar pingue-pongue" na escola preparatória, como recorda Mário Gonçalves, o actual presidente do F. C. Vinhais. Nessa altura, nas brincadeiras e nos jogos de miúdos, já revelava uma faceta marcante da sua personalidade "Se não ganhasse, ficava amuado", sublinha o amigo Roberto Patrick Afonso, comerciante de pneus.
Mas Antero Henrique também se distinguia pela face iluminada, pelo sentido de observação e pela perspicácia - hoje é uma das suas imagens de marca. Era capaz de fixar os pormenores mais insignificantes, aqueles que passavam ao lado dos amigos mais chegados, mas que faziam a diferença nos momentos oportunos "Tinha uma memória e uma capacidade impressionante de fixar números. Sabia de cor vários números de telefone e as datas de nascimento. Olhava e fixava logo. É muito inteligente", resume Nuno Afonso, proprietário do restaurante "Madre Garcia", com quem viveu na mesma casa quando estudaram no Porto.
Em miúdo, Roberto Patrick Afonso diz que Antero Henrique "nutria simpatia pelo Benfica", mas os amigos que o acompanharam na adolescência garantem que "sempre foi portista", vibrava muito com as vitórias dos dragões e gostava de ir às Antas ver os jogos e os treinos. Um dos episódios mais marcantes foram os festejos da magnífica vitória em Viena, na Taça dos Campeões Europeus, quando Madjer e Juary colocaram o nome do F. C. Porto na rota internacional. "Tem um sentido de humor único, tem o sangue quente e é emotivo. E nunca se esqueceu dos amigos da terra", conta Edmundo Afonso.
Snooker depois do jantar
A vida académica repartiu-se entre Vinhais, Bragança e o Porto, onde chegou no ano lectivo de 1986/87, para se instalar numa casa na Rua de Santa Catarina, bem perto da Praça Marquês do Pombal, onde todas as noites desafiava a destreza nas mesas de snooker. Ir ao cinema era outro dos passatempos preferidos e o grande defeito era a dificuldade em cumprir horários, pois "chegava sempre atrasado" aos convívios. "Era uma pessoa discreta e muito religiosa. Ia todos os domingos à missa", diz Abílio Barreira, desenhador na Câmara Municipal de Vinhais, que viveu na mesma casa nos tempos de escola.
Em 1990, abre-se um novo capítulo que iria mudar a sua vida. Antero Henrique entrou no F. C. Porto como tarefeiro a colaborar numa renovação do número de associados. Depois, fixou-se na revista Dragões, primeiro como secretário de redacção e, depois, como coordenador. A partir daí, começa a subir nas escadas do clube, revelando uma capacidade de trabalho, eficiência e perspicácia acima da média.
Leal ao presidente
Foi assessor de imprensa, director de relações externas, responsável pelo departamento de marketing, desempenhando, ainda, funções ao nível da organização dos jogos. Foi ele que começou a preparar as conferências de imprensa com os treinadores - no F. C. Porto, nunca mais ninguém enfrentou os jornalistas desprevenido. Nessa altura, no início desta década, as suas opiniões no que ao futebol diz respeito já eram ouvidas e muitas vezes decisivas. Quando rebentou o Apito Dourado, esteve sempre ao lado de Pinto da Costa, por quem tem uma lealdade acima de qualquer suspeita. Em 2005, foi nomeado director geral do futebol e, a partir daí, o F. C. Porto já vai em três títulos nacionais, uma Taça de Portugal e uma Supertaça. Quem já trabalhou com ele, diz que Antero Henrique antecipa as decisões de uma forma prática "Enquanto os outros ainda estão a pensar, ele já está a executar". Com ele, o futuro começa a ser construído de imediato. Talvez por isso não falte quem o aponte como sucessor de Pinto da Costa. “
Pergunto:
- Será mesmo o sucessor?
- Por mais que consideremos e desejemos que tenha saúde e que seja o NGP por muitos anos, não estará o próprio já a preparar a sucessão, sendo mesmo o Delfim ?
- Como Director-Geral do Futebol, não estará a adquirir o Know-how para dar seguimento ao NGP?
Saudações
9 comentários:
A sua ascensão tem sido impressionante, trabalhando árdua e discretamente, como do agrado do NGP.
Agora ainda será cedo para ser designado delfim, mas como o NGP ainda está dar e durar...
Antero Henrique, um grande dragão e grande transmontano.
No mais faço minhas as palavras do Fanático.
Relmbro só um aspecto que jamais esquecerei - no dia seguinte ao NGP ter ido prestar declarações ao Tribunal de Gondomar, em Dezembro de 2004, no dia seguinte, dizia eu, o NGP apresentou-se no Olival acompanhado de ....Antero Henrique. Sintomático !
Nelote,
A dosagem da medicação não está a resultar. Seria conveniente passar a tomar seis vezes mais...
Recuar 20 anos...
O jogo em que o FCP se tornou virtual campeão em 1987/88 em... http://basculacao.blogspot.com/
Saudações Portistas...
"Foi festejar até fartar e depois um jantar especial: vieiras recheadas com arroz Carolino de pinhão e morgados do Algarve à sobremesa. Repeti seis vezes !"
Vocês deleitam-se com o que o MTS (Maladie tranmissible sexuelement) come e eu é que tomo medicação.
Inocentes....
O Antero nunca será o delfim de P.da Costa. O Antero será sempre o Director Geral da Sad, que é aí que ele está muito bem.
Competente, discreto, de uma dedicação sem limites, grande profissional, o meu amigo Antero, que como disse alguém subiu a pulso, é o coração da Porto Sad.
Um abraço
PINTO DA COSTA
Horas depois do caso Mourinho, Antero Henriques, dirigente da SAD, prepara com Pinto da Costa as primeiras explicações para negar os insultos de Mourinho e o caso da camisola rasgada.
Antero Luís (A) - Foda-se! Não dormi um caralho! Estou com uma enxaqueca, pá.
Pinto da Costa (PC) - Filhos da puta.... [...] Tínhamos morto esta merda ontem [...]
A - Embora eu ache que o Mourinho, no final, também se exaltou muito!
PC - É, um bocado.
A - É! Aquela história de dizer que o Rui Jorge morreu em campo e...
PC - Ele disse aonde?
A - Ele diz que disse cá em baixo, disse cá em baixo, junto a... quando estava a malta toda ali! Mas eu liguei para a 'Bola' e para o 'Jogo' a desmentir! A dizer que ele estava a dizer que era mentira!
PC - Não, não! Não... não é desmentir! A gente tem é de processar o gajo que diz! [...]
A - É... e em relação à camisola, também tem de se arranjar ali uma tanga, presidente!
PC - Arranjar que ele foi provocar para a porta do balneário!
A - É. E que o Mourinho disse que: "Esta camisola é indigna de ser trocada. Porque se a tivesse rasgado não a mandava outra vez para o balneário do Sporting." [...] É! Temos de arranjar aí uma tanga, senão saímos por baixo desta merda toda.
PC - Mas já falou com o Mourinho, não?
A - Não, não, não. Vou agora com ele ver o Rio Ave, agora, às quatro horas!
PC - É... mas diga-lhe, é pá! Ele que não preste dec... diga-lhe só...
A - Não, por isso é que vou com ele! Por isso é que vou com ele!
PC - E amanhã é um processo-crime contra...
A - É...
PC - Esse Bettencourt e os jornais carago!
A - É que esse gajo é mesmo um cobarde!
VALENTIM LOUREIRO
No dia 2 de Fevereiro, Pinto da Costa toma conhecimento de que Mourinho terá um processo disciplinar e que não haverá qualquer processo contra Liedson, jogador do Sporting, que alegadamente teria agredido Jorge Costa. Zangado, liga para Valentim Loureiro a pedir explicações.
Valentim Loureiro (VL) - Estou!
Pinto da Costa (PC) - Sr. presidente, como está?
VL - Ilustre amigo!
PC - Eu estou um bocado fodido com o meu amigo!
VL - Comigo?
PC - Então! Eu falo-lhe no Liedson... o Liedson não apanha nada, põe um processo disciplinar ao Mourinho!!!
VL - Isso ainda não está decidido, pois não?
PC - Está! Então! O processo disciplinar
VL - Eu cheguei agora à Liga [...] Como é que você sabe?
PC - Oh...
VL - Foi algum comunicado?
PC - Estou a dizer-lhe! Processo disciplinar ao Mourinho!
VL - Ó pá, desconheço isso em absoluto! Cheguei agora!
PC - E ao Liedson nada! [...] Vai um gajo à televisão dizer que o Paulino, que o Paulino que é um atrasado mental disse uma coisa e pronto! E o treinador tem um processo disciplinar!
VL - Jorge, eu vou ver isso, está bem?
PC - Está!
ADELINO CALDEIRA
Quatro horas depois de ter falado com Valentim, Pinto da Costa recebe um telefonema de Adelino Caldeira, também administrador da SAD, que já conhecia o relatório do árbitro.
Pinto da Costa (PC) - Estou?
Adelino Caldeira (AC) - Estive a ver o relatório, pá... ali há uma coisa complicada! O... aquele cabrão de Braga, o Paulino, sabe quem é?
PC - Sim, sim...
AC - O gajo escreve que viu! A história da camisola! [...] É o que ele escreve, presidente!
PC - Oh!
AC - Pois, está bem! Agora, ó presidente, das duas uma: ou se arranja alguém que chegue ao pé do gajo, que o gajo vá dizer que não viu mas que lhe foram contar... ou se o gajo mantém essa versão no relatório, no mínimo uma semana, no mínimo!
PC - É um filho da puta! [...] Quem se dá.... quem se dá bem com ele é o Zé Mário!
AC - Ó presidente, quer que eu fale com ele?
PC - O Zé. Eu falo com o Zé Mário!
AC - É que... atenção! Ou o gajo chega lá... o gajo, o gajo não chega lá a dizer que viu! Porque ele... porque ele, depois diz a seguir: e quanto à afirmação veio contar-me o Bettencourt! Portanto!
PC - Ah!
AC - ...o que se presume que ele viu! Agora o que ele pode dizer - como está lá escrito no relatório! - "Não, a mim também me contaram!"
PC - Pois.
AC - Ó pá! É tão simples quanto isso! É que se não aquilo dá um mês de pena mínima, no caso dos treinadores é reduzido para 25 por cento!... é pá, que dá um mínimo de uma semana... [...] Não tem hipótese nenhuma mas... ó pá, pode dar e depois e... estes cabrões ... pode dar sempre duas a três semanas. E se eles derem por exemplo três meses - por causa do passado do Mourinho! - ou quatro... 25 por cento é um mês não é? [...]
PC - É... mas eu falo com ele amanhã.
PINTO DA COSTA
No dia seguinte, 4 de Fevereiro, Pinto da Costa e Antero falam logo pela manhã. Antero Henriques está preocupado com Mourinho que entende não ter recebido a necessária solidariedade dos dirigentes portistas.
Pinto da Costa (PC) - Estou!
Antero Henriques (A) - Devia ir a Gaia, que o gajo está todo atrofiado!
PC - Porquê? Lá por causa...
A - Estive agora a falar com ele, diz que não sente da parte do clube... uma defesa que vai... que vai... vai avançar sozinho!
PC - Não sente, da parte do clube?
A - Não!
PC - Uma grande defesa???
A - Disse-lhe: "Ó pá, isso não tem jeito nenhum!" ...diz: "Ó pá, mas pronto! Não, não sinto uma solidariedade pá... as pessoas vão dizer que... pá... pede desculpa ao Sporting" e o caralho... [...]
PC - Não! Nós já ontem pusemos uma coisa no site...
A - Eu sei, eu sei, eu sei. Mas ó presidente, eu acho que devíamos ir com uma queixa-crime para cima do delegado da Liga se fosse possível!
PC - Isso é a minha ideia!
A - Se fosse possível... falar com o Adelino, se é tecnicamente possível... Avançar já com essa merda!
VALENTIM LOUREIRO
Minutos depois de terminar a conversa, Pinto da Costa telefona a Valentim e ameaça que os jogadores não vão à Luz se Mourinho for punido. A intenção no entanto nunca existiu, como se comprova em outros telefonemas.
Pinto da Costa (PC) - Eu precisava de falar consigo porque isto está a tomar proporções que vai dar uma bronca do carago!
Valentim Loureiro (VL) - Então?
PC - Eu estou aqui no centro de estágio... e os jogadores estão reunidos...
VL - Hum...
PC - e querem faltar ao jogo da Luz!
VL - Faltar?
PC - Sim...
VL - Oh!
PC - Perdem os três pontos, não há problema!
VL - Oh, oh, oh.
PC - Não querem e o Mourinho vai processar judicialmente o delegado da Liga! Já entregou a um advogado!
VL - Hum... Você vem para baixo?
PC - Eu... eu estou aqui, estou a falar com eles... estão reunidos [...] Depois vou para a torre das Antas!
VL - Então ligue-me, lá para o meio-dia.
ANTERO HENRIQUES
O actual número dois do Porto depois de se reunir com José Mourinho liga a Pinto da Costa a contar-lhe o estado de espírito do treinador. Por sua vez, Pinto da Costa relata a Antero a conversa com Valentim e conta-lhe que disse que os jogadores ameaçavam não ir à Luz.
Pinto da Costa (PC) - Esteve com o homem?
Antero (A) - [...] Ele está um bocado atrofiado... mas ó presidente, ele também é incoerente, percebe? [...] Como é que correu com o Major, presidente?
PC - Ó pá, disse-lhe que havia a bomba de podermos dia 14 .... faltar! Ele entrou em pânico ... e eu disse-lhe: "Ó Major, eu sei que não adianta nada, mas pelo menos, olhe, vamos ter a oportunidade de dizer ao mundo do futebol porque é que temos de fazer isto!"
ADELINO CALDEIRA
Terminado o telefonema com Antero, Pinto da Costa telefona a Adelino Caldeira e conta-lhe da ameaça de não jogarem com o Benfica. Ao administrador da SAD, Pinto da Costa diz que aquilo não passou de uma tanga e que serviu para assustar Valentim. Caldeira promete ligar depois ao Major a meter "veneno" sobre a mesma matéria. E no dia seguinte volta a ligar a Pinto da Costa porque já "conseguira" mudar o relatório do observador.
Adelino Caldeira (AC) -Ameaçou com o Estádio do Benfica?
Pinto da Costa (PC) - Exacto, fiz uma tanga quando estava a falar com ele, de modo que o gajo ficou em pânico. [...]
AC - O relatório, segundo o relatório, diz claramente que não viu nada... e que foi só o Bettencourt que lhe contou tudo o que escreveu! Portanto melhor que isto é impossível!
PC - É impossível, está bem! [...]
AC - Portanto o relatório limpa tudo completamente, OK?
PC - OK.
AC - Diz exactamente isso. Claro que o gajo vai ser sacrificado, se calhar vai ter de lhe deitar a mão, mas também o gajo foi um filho da puta, escreveu primeiro portanto... que se lixe, né?
GOMES DA SILVA
Adelino Caldeira diz a Pinto da Costa que falou com o juiz Gomes da Silva, da Comissão Disciplinar da Liga, porque Mourinho só podia ser ouvido após ter recebido a nota de culpa.
Adelino Caldeira (AC)- Antes do sr. ligar pedi uma chamada para o Gomes da Silva. Foi combinado entre mim, o dr. Gomes da Silva e o Major que o sr. José Mourinho só seria ouvido depois de receber a nota de culpa. Porque eu quero que ele seja acusado só naquele artigo que dá multa, que foi o que nós combinámos.
ANTERO HENRIQUES: INCIDENTES DESMENTIDOS AOS JORNAIS
"Ele disse cá em baixo, junto a.... quando estava a malta toda. Mas eu já liguei para a 'Bola' e para o 'Jogo' a desmentir! A dizer que era mentira!"
CALDEIRA QUER MUDAR DEPOIMENTO
"Ou se arranja alguém que chegue ao pé do gajo, que o gajo vá dizer que não viu mas que lhe vieram contar [...] ou se o gajo mantém a versão é uma semana no mínimo."
PINTO DA COSTA: AMEAÇA DE BOICOTE NA LUZ
"Fiz uma tanga [os jogadores não irem jogar à Luz] quando estava a falar com ele de modo que o gajo [Valentim] ficou em pânico."
J. BETTENCOURT: RELATÓRIO FOI MUDADO
"O relatório limpa tudo [...] diz claramente que não viu nada... e que foi só o Bettencourt que lhe contou tudo o que escreveu! Melhor era impossível."
GOMES DA SILVA: COMBINAR COM JUIZ DATA DA AUDIÇÃO
"Foi combinado entre mim, o dr. Gomes da Silva e o Major que o sr. José Mourinho só seria ouvido depois de receber a nota de culpa. [...] Foi isso o que nós combinámos"
NOTAS
INQUÉRITO EM CURSO
Carlos Teixeira, procurador de Gondomar, considerou que as escutas que o CM divulga hoje configuravam suspeitas do crime de tráfico de influências. O inquérito ainda está a correr.
CONDUTA VIOLADORA
A Comissão Disciplinar da Liga concluiu que os incidentes em Alvalade eram reveladores de "conduta violadora de deveres elementares". Mourinho foi castigado com dez dias de suspensão.
CONSCIÊNCIA
Os elementos da CD Liga concluem ainda que o técnico do FC Porto, José Mourinho, agiu com "consciência da ilicitude" e "censurabilidade da sua conduta".
JUIZ NEGA EMPREGO
António Mortágua, um dos juízes apanhado nas escutas do 'Apito Dourado', negou ontem ao CM que o filho tenha alguma vez trabalhado na Câmara de Gondomar.
CAMISOLA RASGADA
O Relatório da Comissão Disciplinar da Liga deu como provado que o roupeiro do FC Porto regressou do balneário portista com uma camisola do Sporting rasgada.
Uma rede de informação bem montada
As conversas proibidas
As escutas do ‘Apito Dourado’, anexas ao processo em investigação, mostram Pinto da Costa a conversar com frequência com Pinto de Sousa, combinando os árbitros que iriam dirigir os jogos da Taça.
Revelam também que o dirigente portista – que ontem completou 25 anos sobre a data em que pela primeira vez foi eleito presidente do FC Porto – sabia antecipadamente os castigos dos seus atletas (nas edições de domingo e segunda-feira o CM já tinha revelado que Pinto da Costa soube antecipadamente dos castigos a aplicar a Deco e Mourinho) e mostram também o presidente portista a conversar com Pinto de Sousa sobre as classificações dos árbitros.
Nem todas as escutas que hoje revelamos deram origem a inquéritos autónomos, mas todas foram usadas por Carlos Teixeira, o magistrado de Gondomar responsável pelo inquérito, para demonstrar o poder de Pinto da Costa no mundo do futebol.
Um poder relacionado com os 45 anos que leva como dirigente do FC Porto em várias modalidades, mas desde 1976 sempre ligado ao futebol, primeiro como chefe do departamento de futebol e depois como presidente do clube, a partir de 1982.
Só entre 1980 (ano do chamado ‘Verão Quente’ portista) e 1982 Jorge Nuno de Lima Pinto da Costa, que completará 70 anos no próximo dia 28 de Dezembro, esteve afastado do clube, mas não do futebol pois nesse período continuou a ter muitos contactos com jogadores e treinadores, nomeadamente José Maria Pedroto.
José António Pinto de Sousa, que aparece nas escutas como presidente do Conselho de Arbitragem da FPF, era um dos vários amigos de juventude que também fizeram carreira no desporto. Esta é aliás uma das justificações que tem apresentado nos vários interrogatórios a que foi sujeito para justificar a aparente familiaridade com o dirigente.
VALENTIM PEDIU PARA SER OUVIDO
Valentim Loureiro foi ouvido na semana passada pelo Ministério Público do Porto, a seu pedido. O ex-presidente da Liga respondeu no âmbito da acusação relacionada com o jogo Naval 1.º de Maio-Chaves e que envolve também o árbitro Paulo Baptista, da 1.ª categoria.
A inquirição de Valentim Loureiro foi então requerida pela defesa que pretendeu demonstrar não ser verdadeira a tese do Ministério Público. Em causa está um contacto com o árbitro de Portalegre que Valentim assegura não ter como objectivo beneficiar o clube da Figueira da Foz. Recorde-se ainda que neste processo já foram arquivadas as suspeitas relativas a Aprígio Santos, presidente do Nacional, e também Júlio Mouco, ex-vogal da Comissão de Arbitragem.
ADELINO CALDEIRA
23/12/2003
Pinto da Costa recebe uma chamada de Adelino Caldeira, administrador da SAD azul-e-branca. Mais uma vez, o dirigente portista consegue saber por antecipação qual vai ser o castigo que a Comissão Disciplinar vai aplicar a um determinado atleta.
Pinto da Costa (PC) – Estou.
Adelino Caldeira (AC) – Estou! Presidente?
PC – Sim...
AC – Adelino Caldeira. Como está?
PC – Tudo bem?
AC – Tudo bem, está tudo bem. Olhe o que lhe vou dizer agora é para si mesmo!
PC – Sim, sim.
AC – Só pode dizer ao Mourinho, a mais ninguém! [...] É assim, o McCarthy vai ser despenalizado por um jogo! [...] Portanto, vai poder jogar no próximo. Mas atenção que não se pode saber porque a reunião só vai ser na terça-feira! Foi tomada a decisão hoje, de baixarem um jogo, mas a decisão formal, o acórdão, só pode ser redigido na terça-feira e formalmente é só na terça-feira que é decidido.
PC – Não, eu nem ao Mourinho digo.
AC – Pronto, é só para lhe dizer... se não eles podem voltar atrás [...] Terça-feira fica espantado, pronto!
PINTO DE SOUSA
03/02/2004
Pinto da Costa e Pinto de Sousa conversam sobre as incidências do jogo Sporting-FC Porto (onde se verificou depois o incidente da camisola alegadamente rasgada a Rui Jorge por José Mourinho) e falam de Lucílio Baptista, o árbitro que apitou aquele jogo. Pinto da Costa não poupa críticas ao juiz do jogo.
Pinto da Costa (PC) – O sr. Lucílio Baptista acha que é um penálti, porque é um vigarista!
Pinto de Sousa (PS) – É!
PC – Aliás. Estava tão comprometido.
PS – Sim...
PC – Estava tão comprometido,que os meus jogadores chamaram-lhe tudo, de filho da puta para cima e ele ria-se deles. Estás a perceber?
PS – Também não achas que ia expulsar aquela malta toda. Estragava o jogo, não é?
PC – Não, se ele estivesse de consciência tranquila, expulsava carago! Agora, foi de filho da puta para cima. ‘És um vigarista, és um filho da puta’!
PS – Até se vê na televisão.
PC – O gajo só se ria. Chamaram-lhe de tudo, filho da puta, gatuno, ladrão, vendido e o caralho. E o gajo ria-se.
PS – Ah, ah, ah!
PC – Um dia, quando eu encontrar esse gajo, vou dizer-lhe: ‘Você é um vigarista do caralho!’. Só quero ver se ele tem jogo hoje!
PC – Olha, da Taça vai ter, pá! Mas eu já te tinha avisado pá! Já estava montado isso há muito tempo
PC – Não, digo se vai ter domingo.
PC – Ah, para domingo vamos ver.
PC – Pode ser que o fodam na Figueira. Que ele tenha lá uma surpresa.
PINTO DE SOUSA
02/02/2004
Pinto da Costa e Pinto de Sousa comentam as incidências de um jogo Boavista-Guimarães arbitrado por Paulo Baptista. Depois, o presidente dos azuis-e- -brancos pede a Pinto de Sousa para falar com Luís Guilherme, de forma a combinarem as nomeações da jornada seguinte.
Pinto da Costa – Não! Eu disse-te a ti, os dois penáltis, são penáltis, não houve nenhum erro crasso [...] E apitar o Boavista, para um gajo que não esteja ali a pensar que o major é o presidente da Liga, é complicado... porque com aquelas palhaçadas todas, o gajo tem de os pôr na rua.
Pinto de Sousa – Pois é...
[...]
PC – Agora, tudo isto nasce de uma má nomeação do imbecil...
PS – É, sem dúvida!
PC – Olha, não te esqueças mas é de comunicar ao gajo, para ele não queimar nenhum [...] Devias pedir por escrito, para ficar.
PS – É, vou-lhe mandar por escrito. Vou-lhe telefonar e dizer [...] vou-lhe mandar por escrito, os jogos.
PC – Os jogos, esses quatro vão fazer esses jogos! Diz mesmo, esses jogos!
PS – Digo.
PC – É, assim ele já não tem desculpa.
PINTO DE SOUSA
02/01/2004
Pinto de Sousa, responsável pela arbitragem na Liga, pergunta a Pinto da Costa se ele aceita Jacinto Paixão para arbitrar um jogo da Taça. Antes disso, Pinto da Costa diz a Pinto de Sousa que deve alterar a classificação de um árbitro.
Pinto da Costa (PC) – Estou.
Pinto de Sousa (PS) – Estou, Zé!
PC – Já rectificaste a nota do homem?
PS – Eh, eh, eh!!!!! É pá, deixa lá o rapazinho em paz, coitadinho!
PC – Ah???
PS – 8... 8,4
PC – É uma boa nota!
PS – É uma boa nota!
PC – Pois foi, mas o observador tem de ser reclassificado!
PS – Olha, estou-te a telefonar pelo seguinte. Estou a pensar nomear o Jacinto Paixão para o Porto-Felgueiras. Não há inconveniente nenhum?
PC – Ah!
PS – Jacinto Paixão... Porto-Felgueiras! Não é nada de especial.
PC – Se entretanto ele não for nomeado para outro jogo [...] nomeado para a casa Pia!
PS – Eh, eh, eh!
PC – Mas não é de muito longe? [...]
PS – Não, coitado, precisa de fazer um joguito e como ainda fez poucos.
PC – Por mim, pode.
Poucas horas depois, Pinto de Sousa volta a telefonar a Pinto da Costa. Afinal, Jacinto Paixão não pode ser nomeado porque vai apitar um jogo do Estoril.
Pinto de Sousa (PS) – Olha, afinal, o Jacinto Paixão vai fazer agora o Estoril, no próximo dia 4 de Janeiro, eu não tinha reparado [...] De maneira que olha, como não é um jogo importante ia o Paulo Pereira, de Viana do Castelo.
Pinto da Costa (PC) – É fraquinho!
PS – É. Mas o jogo também não tem interesse nenhum...
PC – Sim, mas porque é que não pões um gajo do Porto?
PS – Pá, porque o Jorge Sousa vai fazer o Estoril- -Setúbal [...] O Paulo Costa e o Paulo Paraty não os nomeei já porque fizeram um jogo a semana passada. E o Martins dos Santos não se justificava para este jogo [...] e em segundo lugar vai fazer um jogo importante.
PC – Qual é o jogo?
PS – Talvez o Nacional, com o Leiria [...]
PC – Mas o Martins, para lá para baixo é bom. Que assim põe aquilo tudo em sentido.
PS – É, mas esse vai para Leiria.
PC – É, está bem.
PINTO DE SOUSA
30-11-2003
Dias antes do jogo FC Porto-Maia, um dos encontros que o procurador de Gondomar investigou, Pinto de Sousa perguntou a Pinto da Costa se estava de acordo com a nomeação do árbitro.
Pinto de Sousa (PS) – Houve um árbitro pá, que anda assim com problemas... que me pediu para eu jantar com ele e eu fui
Pinto da Costa (PC) – Quem é?
PS – O Nuno Almeida.
PC – Ah!
PS – Um do Algarve, pá [...] Estou a pensar nomeá-lo para o Porto-Maia... vês algum inconveniente?
PC – Não, acho bem! É bom árbitro. [...] Mas é um bocado difícil justificar um gajo de tão longe!
PS – É. mas é taça, é taça. [...] E ele pediu-me para ir o Paulo Januário como assistente.
PC – Está bem, ajuda.
PS – É. Ajuda um bocado.
PINTO DE SOUSA
01-03-2004
Pinto de Sousa liga a Pinto da Costa pedindo-lhe que escolhesse o árbitro para a meia-final da taça de Portugal. Pinto da Costa escolhe Bruno Paixão.
Pinto da Costa (PC) – Estou?
Pinto de Sousa (PS) – Estou. [...] Olá Jorge. Ouve lá, já tens alguma ideia para a final da taça?
PC – Para a final?
PS – Para a meia-final pá, para a meia-final.
PC – Ó pá, eu... queres internacional, né?
PS – É, mais ou menos pá.
PC – Acho que pode ser o Bruno!
PS – O Bruno?
PC – Não é?
PS – Hum...
PC – Não nos apita há muito...
PS – Deixa ver, o Bruno só tem um defeito...
PC – Qual é?
PS – É ter feito um jogo agora... Mas pode ser. Vamos ver.
Estão a ver?
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