Nada como uma pausa futebolística para se falar de... futebol, nomeadamente de alguns temas que (na minha opinião) merecem uma análise mais pormenorizada face à sua actualidade e face à importância dos seus intervenientes.
1º O Mágico:
Deixo-vos infra um excerto (seleccionado por mim) de uma grande entrevista dada por um grande jogador de seu nome Anderson Luis de Souza, mais conhecido como Deco ou ainda como «o Mágico».
Deco é um jogador que ficará para sempre no imaginário azul e branco. Um jogador sobre o qual se esgotavam os adjectivos sempre que nos presenteava com uma das suas magníficas exibições (e foram felizmente muitas).
Deco era, para além disso, um jogador com uma incrível regularidade exibicional conseguida graças a uma excelente condição física, aliada a uma invulgar (para um número 10) capacidade de recuperação de bolas.
O que fazia com que "O Mágico" conseguisse encantar até muitos dos adeptos que gostavam de tudo menos do FCP.
Dito isto, vamos à entrevista:
“A passagem pelo FC Porto está presente a cada passo e o coração azul e branco bate com a mesma intensidade, apesar de ser jogador do Barcelona. Os paralelismos entre os dois clubes e as referências a culturas e atitudes diferentes nos dois emblemas surgem naturalmente no discurso de Deco, hoje com uma percepção mais clara das coisas, quando se encontra a disputar a quarta temporada com a camisola "blaugrana". A carreira do FC Porto na Liga dos Campeões é motivo de orgulho para o "Mágico", que espera nunca ter de defrontar os "dragões", para não colocar o seu coração à prova. Sempre cauteloso, no que diz respeito às possibilidades de o FC Porto renovar o título português, Deco acredita que Benfica e Sporting vão ter de melhorar muito e ter paciência para recuperar o atraso.
P: Como antevê a eliminatória do FC Porto contra o Schalke 04, nos oitavos-de-final da Liga dos Campeões?
R: Sinceramente, o FC Porto tem sérias possibilidades. Nem é questão de ser favorito ou não, penso que é claro que é favorito e com o segundo jogo em casa está em vantagem pelo que acredito e desejo que o FC Porto passe aos quartos-de-final.
P: Que lhe parece esta equipa do FC Porto?
R: O FC Porto tem uma equipa jovem e ambiciosa, com jogadores que trabalham muito e que desequilibram. O Quaresma está num momento fantástico, o Lucho é um grande jogador. Tem uma defesa sólida e gente que trabalha muito no meio-campo, portanto estamos a falar de uma equipa forte.
P: É desta que o FC Porto pode voltar à final da Liga dos Campeões?
R: Chegar à final é complicado. Não é simples e depende de muita coisa, mas acredito que se o FC Porto passar esta fase tem todas as condições para chegar à final, como qualquer outra equipa.
P: O FC Porto tem uma vantagem confortável sobre o Benfica e o Sporting (sete e nove pontos, respectivamente). Acredita que o título português está mais fácil de alcançar?
R: Ao contrário do que muita gente pensa, o campeonato português é difícil. O FC Porto tem muito mérito por estar onde está e depois é como eu disse, trata-se de uma equipa muito sólida, que não vai perder muitos pontos e não será fácil ao Benfica e ao Sporting recuperarem. Essa vantagem pode dar muita tranquilidade e conhecendo o FC Porto como eu conheço vai ser difícil ceder muito terreno.
P: Vai ser mais fácil para o FC Porto gerir a sua participação na Liga dos Campeões tendo esta vantagem no campeonato?
R: Sem dúvida que sim. Tendo essa vantagem na Liga e a tranquilidade para gerir os jogadores e a equipa, ajuda muito. As hipóteses do FC Porto fazer um bom percurso na Liga dos Campeões aumentam muito.
P: Como seria um Barcelona-FC Porto para o Deco?
R: Complicado. Nunca defrontei o FC Porto desde que deixei o clube. Seria uma sensação diferente, mas nem sei o que iria sentir. Claro que é da praxe, teria que defender as cores do Barcelona, é natural. Mas seria sempre um jogo especial e se fosse um jogo decisivo, pior ainda.P: Quer dizer que não deseja defrontar o FC Porto?
R: Não, se possível nunca jogar contra o FC Porto, porque seria muito difícil para o meu coração.
P: Os conflitos internos do Barcelona, designadamente aquilo que aconteceu depois das declarações do Edmilson, que se referiu a alguns jogadores do clube como "ovelhas negras", estão ultrapassados?
R: Eu venho de uma cultura que me deixa chocado com algumas coisas que acontecem aqui e com as quais eu não concordo. No FC Porto eu aprendi que o balneário é sagrado e dificilmente se sabia do que se passava ou falava lá dentro. Dificilmente se via um jogador sair do balneário e falar sem mais nem menos, ou expor uma opinião sem que fosse primeiro discutida no balneário. Isso marcou muito a forma como eu penso. Aqui não é tanto assim e é evidente que não concordo com algumas coisas, mas respeito porque cada lugar tem a sua cultura. Mas como estava habituado a viver de outra forma num outro balneário, é natural que quando acontecem coisas com as quais não concorde também reaja de outra forma.
P: Há alguns dias o Luís Enrique disse que preferia ter uma equipa com cinco Decos e seis Puyols…
R: Só posso dizer que fico feliz por ouvir isso, porque o Luís Enrique foi um jogador histórico neste clube, um ganhador nato. Os elogios são sempre bons, quando vêm de pessoas credíveis como ele. Mas sempre senti a responsabilidade de fazer as coisas bem. Gosto de ganhar e de desafios, isso sempre foram características minhas, que talvez venham do facto de ter jogado no FC Porto e de ter vivido tantos anos ali. Isso ajudou-me a criar a minha forma de pensar. Gosto de jogar bem e fazer coisas bonitas, mas acima de tudo gosto de vencer.
P: O Barcelona fez bem em abrir mão do Quaresma? Foi bom para o crescimento dele ter saído?
R: Ter ido para o FC Porto foi a melhor coisa que podia ter acontecido na vida dele. Recordo-me que falámos muito disso na altura e ele chegou à conclusão de que ir para o FC Porto seria bom. Mas acho que apanhou o Barcelona numa fase transitória. Não tiveram a paciência necessária com ele. Aliás, é muito difícil, porque por mais jovem que alguém seja quando vem para aqui, de certa forma tem a mesma exigência dos jogadores que vêm de fora. Com os daqui eles esperam, têm paciência, porque esses não são cobrados como os que são contratados - o que, no fundo, é natural. O Quaresma teve esse azar, como talvez o Simão teve na altura. Mas o Quaresma ainda mais porque não teve tempo de mostrar o seu potencial. Mas acho que para a carreira dele foi importante ir para o FC Porto.
P: O Barcelona era um sonho para si…
R: Sim, um sonho realizado. Cheguei aqui e triunfei. Não passei pelo Barcelona - acho que marquei o clube e a sua história. Vou na quarta temporada e tem sido fantástico, mas se não conquistarmos nada este ano e as coisas não correrem bem, vou querer ir embora.
P: Quer ir à procura de outro desafio, de outro sonho?
R: Não penso ainda nisso, porque espero que as coisas corram bem no Barcelona. Mas não tenho outro sonho. Tenho a sorte de, na minha carreira, ter jogado em dois grandes clubes e ter feito história nesses dois clubes. Há jogadores que passaram por cinco ou seis e nunca marcaram coisa nenhuma. Eu tive a sorte de ter estado no FC Porto, onde aprendi tudo o que sei na minha vida a todos os níveis. Foi o clube que me deu tudo. Depois cheguei ao Barcelona, que era o sonho, o clube que eu desejava e onde consegui triunfar e vencer grandes troféus e deixar a minha marca. Nesta altura dizer que ainda tenho um sonho… o de conquistar um campeonato da Europa com a Selecção ou um campeonato do Mundo, claro. Em termos de clube não vejo nada mais que possa desejar. Conquistei tudo o que havia para conquistar."
E é por estas e por outras que quando um qualquer clube pretende contratar um qualquer jogador do FCP, nós dizemos que ele vale X milhões de euros mais... o Deco!!!
2º Simply The Best: Numa entrevista ao site da FIFA, o nosso 99, o eterno Vítor Baía, fez um resumo da sua impressionante carreira, colocando as quatro operações ao joelho e o afastamento da equipa nacional de futebol «sem qualquer explicação», como os momentos mais amargos que viveu.
Aqui fica um excerto (seleccionado por mim) da entrevista dada por Vítor Baía, jogador que é a imagem de marca de um clube habituado a ganhar e que quer ganhar sempre mais.
A tradução é da minha autoria e agradeço, desde já, a vossa compreensão para qualquer erro cometido:
"
P: Vítor Baía, seis meses depois ter posto fim à sua carreira profissional, você sente saudades?
R: Para ser sincero, eu pensei que sentiria muito mais. Terminei a minha carreira ciente do passo que ia dar e com o conhecimento que uma nova era estava a começar na minha vida. Mas no dia em que os meus antigos começaram a pré-época de 2007/08, eu tremi um pouco ao pensar: Chegou mesmo ao fim.
P: Olhando de perto para a sua carreira como guarda-redes, você provou o sucesso em muitas ocasiões.
R: Não quero vangloriar-me, mas foi uma carreira verdadeiramente brilhante: Ganhei quase tudo que poderia ter ganho e aqueles títulos irão perpetuar o meu nome através dos tempos. Não é todos os dias que um jogador ganha a Liga dos Campeões, a Taça Uefa, a Taça das Taças e a Taça Intercontinental, entre muitos outros títulos nacionais.
P: Qual daqueles títulos o fez mais feliz?
R: Emocionalmente, e devido ao facto de jogar pelo clube do meu coração, foi a Taça Uefa em 2003. Foi o meu primeiro título internacional com o FC Porto e aconteceu após um extraordinário encontro contra o Celtic, decidido no prolongamento (3-2). Fiquei louco de alegria. No ano seguinte ganhamos a Liga dos Campeões, algo que é o sonho de cada jogador, mas, na altura, já éramos uma equipe vencedora e aquela final foi muito mais fácil (uma vitória 3-0 contra o Mónaco).
P: Quais foram os momentos mais importantes da sua carreira fora das balizas?
R: Assinar pelo Barcelona foi muito importante, porque deu-me um estatuto a nível internacional. Além desse, eu nunca irei esquecer o dia em que regressei ao FC Porto, um momento incrível: as ruas estavam completamente cheias de pessoas que me queriam ver chegar, fui levado em ombros e o estádio esgotou para a minha segunda estreia pelo clube.
P: Como na vida, o futebol também tem os seus dias maus e você experimentou alguns problemas.
R: Eu fiz quatro operações aos meus joelhos que me obrigaram a uma paragem por dois anos. Cheguei a pensar que a minha carreira tinha chegado ao fim, mas fui capaz de recuperar e esse período fez-me olhar para as coisas por uma perspectiva diferente.
Para além disso, sinto-me triste quando penso na forma como terminou a minha carreira de internacional.Fiz 80 jogos por Portugal, mas após o Mundial de 2002 fui afastado das equipas do Sr. Scolari sem qualquer explicação. Foi algo de estranho até porque fui considerado o melhor guarda-redes da Europa na época de 2003/2004 e uns dias antes de serem anunciados os convocados para o Europeu de 2004 eu conquistei o Campeonato Português e a Liga dos Campeões e mesmo assim não fui convocado.
Na minha opinião, nenhum país pode dar-se ao luxo de não chamar o melhor guarda-redes da europa, mas isso aconteceu-me.
Olhando para trás, acredito realmente que a Selecção perdeu mais do que eu, mas ainda assim fiquei bastante desiludido por não poder jogar o Europeu disputado no meu país.
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Vítor Baía
dixit.
O afastamento de Baía da selecção portuguesa foi suspeito, manhoso, de muita má fé e, acima de tudo, ingrato. E só daqui a alguns anos (após as saídas de Scolari e de Madaíl) é que será verdadeiramente explicado.
Mas o que é certo é que a explicação “oficial” (opção técnica) nunca convenceu nem convencerá qualquer um que tenha meio palmo de testa e mais do que 2 neurónios.
Para mim, Vítor Baía, para além de ser o melhor guarda-redes português de todos os tempos, era o guarda-redes em melhor forma e a melhor opção para a selecção portuguesa.
É certo que ninguém pode discutir o facto de que Scolari tinha legitimidade para chamar quem bem entendesse à selecção e temos, igualmente, que admitir e respeitar a opinião de quem defende que Vítor Baía não deveria ser o titular da selecção durante o Euro 2004.
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No entanto, considerar que ele não deveria ser um dos 3 guarda-redes convocados é, no mínimo, ridículo para um treinador experiente e conhecedor do fenómeno futebolístico.
Pior, ao não ser dada qualquer explicação para a ausência de Baía apenas se contribuiu para transformar a sua ausência num "fantasma" que sempre pairou (e ainda paira) sobre a selecção, Scolari e Ricardo.
E não venham os antiportistas primários afirmar que se Scolari entendeu ser o Ricardo a melhor opção não poderia convocar Baía, sob pena deste poder causar instabilidade na selecção.
Basta atentar na postura de Baía, aquando da titularidade de Helton no FCP, para se perceber da grandeza de carácter deste jogador.
É óbvio, portanto, que se Baía não foi convocado tal não se deve a qualquer opção técnica, já que Scolari nada poderia apontar a um jogador que nunca orientou directamente, mas sim a outras “razões” que por aí ventilam...
Hoje em dia, a vítima desta “opção técnica” já não se chama Baía, mas chama-se Quim. Ou ainda haverá alguém que duvide que é este, actualmente, o guarda-redes português em melhor forma. Se calhar na sua melhor forma de sempre.
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3º Balanço:
Como já alguém o afirmou neste blog, ter 7 pontos de vantagem para o 2º classificado (tendo já disputado o jogo no estádio do mesmo) e estar apurado para os oitavos da Liga dos Campeões é muito bom.
MAS AINDA NÃO GANHAMOS NADA!!! (Certo, Situacionista? Certo!!!)
Pelos jogos já disputados até à data, parece-me que podemos retirar algumas conclusões:
1ª A nossa equipa parece que “relaxa” quando tem uma vantagem confortável;
2ª A nossa equipa não falha quando joga sob pressão e quando é preciso ganhar;
3ª Existem jogadores que mesmo jogando não rendem (Postiga é infelizmente o maior exemplo) ou que não jogam porque não rendem (aqui coloco o Farias como ponta de lança);
4ª Precisamos de um ou dois reforços de qualidade;
Compete ao JF resolver o problema relativo à primeira conclusão.
A segunda permite-me afirmar, com grande margem de segurança, que iremos ganhar o próximo jogo.
Quanto à terceira, penso que os nomes mais falados para possíveis dispensas (a título definitivo ou por empréstimo) serão os seguintes: Lino, L. Lima, H. Postiga, Farias ou Edgar. Destes, eu optaria por dispensar definitivamente o Lino e emprestar o L. Lima e o Edgar. Quanto ao H. Postiga e ao Farias continuava a lutar por eles. Mas isso sou eu a falar…
Quanto a reforços (quarta conclusão) acho que necessitamos de uma alternativa válida para o lugar do Lucho (continuo a insistir no Tiago) e para a eventualidade dos ditos H. Postiga e Farias não renderem e o Adriano não fazer uma 2ª volta à sua maneira, precisamos de um ponta de lança de qualidade.
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Um grande abraço a todos e um forte POOOOORTOOOOO!!!