Em dia de entrega da Bota de Ouro a Cristiano Ronaldo, relativa à época 2007/08, relembremo-nos de um dos nossos Bota-de-Ouro.
O Bi-Bota!
O Gomes!
Que tantos e tantos golos fez pelo nosso FC Porto...
Fernando Mendes Soares Gomes, nasceu em 22 de Novembro de 1956, no Porto.
Foi António Feliciano quem o descobriu para o futebol num torneio de futebol de salão do Académico, levando-o para o FC Porto ainda muito novo. Com apenas 17 anos, estreou-se oficialmente na equipa principal. Foi no dia 8 de Setembro de 1974 e marcou os dois únicos golos da equipa na suada vitória por 2-1 frente à CUF. Ganhava 12 contos por mês (enquanto Cubillas, o artista da altura levava 125 notas de mil para casa).
Instalou-se com alguma facilidade no onze titular e foi um dos grandes responsáveis pelo bi-campeonato de 77/78 e 78/79, que quebrou um jejum de quase vinte anos sem conquistas na prova.
Com o término da época 79/80, veio o tão conhecido Verão quente. Gomes, juntamente com muitos outros colegas, saiu em defesa de Pedroto, despedido pelo presidente Américo de Sá, que não apreciava o estilo de guerrilha de Pedroto e Pinto da Costa em relação ao poder de Lisboa. Seria transferido para o Gijon no dia 13 Agosto de 1980. O F. C. Porto acertou a transferência, a troco da exorbitante quantia de 60 milhões de pesetas! Dessa quantia, ao avançado caberiam 20 milhões de pesetas, um terço do valor total. No primeiro jogo pelo clube Espanhol, marcou cinco golos ao Oviedo.
No início da época 82/83… Gomes já estava de regresso ao F.C.Porto, à sua plena forma e com uma fome de golos impressionante.
Nesse ano seria o melhor marcador da Europa com 36 golos, repetindo a graça em 84/85 com 39.
Em 83/84, foram os seus golos que levaram a equipa à final de Basileia, ingloriamente perdida para a Juventus e em 86/87 foi um dos protagonistas da fantástica caminhada até Viena que, injustamente, haveria de falhar por lesão. Mas esteve em Tóquio, na final mais radical que o mundo do futebol já viu, contribuindo com um golo para que o F.C.Porto alcançasse tão importante troféu.
A partir de Novembro de 1987 as coisas começaram a não correr bem.
Tomislav Ivic, assumiu numa entrevista que “Gomes é finito!” e lançou no clube uma confusão danada.
No jogo sa segunda-mão da Supertaça Europeia frente ao Ajax de Cruyff, Ivic trocou Gomes por Jorge Plácido antes do final do jogo e ouviu a maior assobiadela da sua carreira. Porquê? Porque o jugoslavo impediu Gomes de erguer um troféu internacional em pleno Estádio das Antas… grande parte dos portistas nunca lhe perdoou.
O que mantinha Gomes no F.C.Porto era o carinho que a massa associativa tinha pelo avançado, facto que o avançado sabia usar como ninguém.
Mas em Junho Ivic sai do FC Porto. Entra Quinito, que afirmava: “Comigo… é Gomes e mais dez”.
Só que Quinito não se aguentou muito tempo à frente da equipa técnica e voltaram Artur Jorge e Octávio.
As coisas andavam outra vez bastante tensas, quando o F.C.Porto teve uma deslocação à Madeira para enfrentar o Marítimo. O avião atrasou-se e a comitiva chegou ao hotel apenas às 23 horas, ainda sem jantar. Quando por volta da meia-noite o jantar começou a ser servido inicialmente pelas mesas VIPs (Dirigentes e técnicos), como era normal, Fernando Gomes levantou-se e insurgiu-se com o facto essencialmente devido ao adiantar da hora. Octávio Machado interveio e disse que ele, Fernando Gomes, “não mandava ali”. Gomes respondeu que “era o capitão”… mas acabou por insultar o Palmelão chamando-lhe: “Palhaço e bufo dos tempos do sr. Pedroto”.
O Bi-bota acabou com um processo disciplinar e suspensão de todas as actividades.
É preciso notar que Gomes teve uma dimensão nacional e internacional enorme. Devido ao apoio contagiante que tinha nos adeptos, o seu peso dentro do clube era considerado exagerado pela administração e obviamente que os problemas tinham que surgir.
Em Junho do ano de 1989, Gomes provocava uma dor de alma na maior parte dos portistas ao assinar pelo Sporting, acabando a carreira dois anos depois.
Fernando Gomes era um avançado fantástico, excelente no jogo de cabeça, um posicionamento perfeito, movimentava-se muito bem na área, fazia jogo com os companheiros mais atrasados, abria espaços para entrada de colegas e tinha um instinto pelo golo que era qualquer coisa de fenomenal.
Foi um dos mais carismáticos Capitães que este clube já viu e com certeza o avançado mais completo que envergou aquela camisola.
Marcou 317 golos no Campeonato (um record nacional, apesar de... Eusébio), sendo o jogador com mais golos marcados ao serviço do FC Porto: 288.
Palmarés:
2 "Botas de Ouro" 82/83 e 84/85
6 "Bolas de Prata"
317 golos no Campeonato
288 golos marcados ao serviço do FC Porto
1 Taça dos Campeões Europeus 86/87
1 Taça Intercontinental 1987
1 Supertaça Europeia 1987
5 Títulos de campeão nacional 77/78, 78/79, 84/85, 85/86, 87/88
3 Taças de Portugal 76/77, 83/84 e 87/88
3 Supertaças Cândido de Oliveira,
46 internacionalizações (13 golos)
(fontes: FêCêPê: Orgulho e Glória; Primeiraliga.com)
4 comentários:
O meu 1º ídolo !
Que jeito dava ao FCP actual ter no plantel um jogador como o F Gomes a marcar golos de cabeça!!!!
Aliás, numa semana de posts polémicos, está-me apetecer lançar mais uma:
Já repararam que não temos um avançado que marque golos de cabeça no plantel?
a) Bem termos, temos, o Adriano, mas, inexplicavelmente, pelo menos para mim, não é opção;
b) E pergunto eu: porquê? Alguém já percebeu?
c) É sabida a importância de ter um avançado a jogar bem de cabeça, não só a marcar golos, como a fazer tabelinhas e assistências para golo, seja a jogar de costas para a baliza, como avançado fixo, ou a acompanhar a subida da equipa, como tão bem o FGOMES sabia fazer;
d) Aliás, gostei sempre do Adriano:
- persistente no querer ficar no plantel, tendo sido decisivo no campeonato de 2007/08;
-humilde, nunca tendo sido ouvida uma palavra na sua boa a criticar o treinador, por não ser opção desportiva, ou a SAD por não o usar como activo a valorizar,
-determinado e corajoso na forma como nunca desiste dos lançes, tendo especialmente presente o golo em Paços de Ferreira num empate a um golo decisivo na conquista da liga 2007/08;
e) É evidente que me podem dizer: e o Lisandro? que é um avançado multifacetado e que marca golos de toda a forma e feitio. Mas pergunto: será que vai marcar os 24 golos da época passada?
f) Ou seja, não será boa ideia inscrever o Adriano em Dezembro?
Fanático o Adriano?!...
Sobre o Gomes, acho que não devo falar muito porque me desiludiu bastante numa determinada altura.
Não esqueço porém, o que ele representou como jogador do F.C.Porto.
Tenho pena que ontem tenha estado a jantar com o asqueroso do Delgado. Eu nunca me sentaria à mesa com esse escroque, mas isso sou eu, que se calhar sou muito radical.
Um abraço
Sim Vila Pouca, o Adriano.
Não estou a comparar a grandeza da FGomes (em história, golos marcados, assistências, botas de ouro, etc), mas num conjunto de características comuns.
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