quarta-feira, 19 de março de 2008

Família PORTISTA. Só visto !!!

Domingo passado, 4 horas da tarde.
Cometo uma estupidez.
Uma tremenda estupidez.
Em pleno centro da cidade onde vivo, a circular de carro, fico sem gasolina.
Inacreditável. Tudo porque, por comodismo e porque a máquina ainda mo “permitia” (depois foi o que se viu !), estiquei demasiado a corda.

De repente dou por mim parado no meio da rua.
Nem queria acreditar.
(Claro que descarreguei logo, muito injustamente, em quem me acompanhava).

E agora ??!!, pensei.

Lá me convenci que tinha que começar a “dar à perna”.

A minha primeira preocupação foi tentar encostar o carro à berma da estrada, mas tinha dois problemas: a direcção que, sem motor, fica pior do que nos tempos em que não havia direcção assistida e o facto de eu circular numa rua inclinada em sentido ascendente (e não podia recuar porque não dava para estacionar).

Ainda estava a dizer mal da minha vida, quando acontece uma …. coisa única !

Olho para o lado e deparo-me com um táxi que havia parado paralelamente ao meu carro e cujo condutor me fazia sinal para eu (que, entretanto, já estava fora do carro) abrir a porta do lado do “morto” do carro dele para podermos falar.
Era um senhor na casa dos sessentas.
Abri a porta do carro dele, e saltou logo a primeira pergunta:
- Ó amigo, então ? Bateria ?
- Não, gasolina !
- Ó diabo, se fosse bateria eu tinha os cabos, assim, vai ser mais complicado, mas espere lá.

Nisto, segue mais uns metros, estaciona o carro dele à frente do meu, sai do carro e vem ter comigo.

- Tem um garrafão ?, pergunta mal se aproxima de mim.
- Sim, tenho, porque já pedi para me irem buscar um.
- Então vamos começar por estacionar o seu carro e depois vamos à bomba de gasolina.

Aqui, eu, perante tamanha e tão inusitada bondade e generosidade, não resisti:

- Olhe lá, deixe-me agradecer o que está a fazer.
- Não precisa !, responde-me de forma pronta e prossegue sem hesitar:
- Eu também só estou a fazer isto por um motivo muito simples.
- Como assim ?, pergunto sem entender o que ele me queria dizer.
- É simples, eu só parei para o ajudar porque vi o que o tem por cima do tabuleiro da mala do carro.

Fiquei perplexo com a resposta. E sem tirar os olhos do homem fiquei a pensar no que é que eu tinha em tal lugar. E só me lembrava de uma coisa. Olhei para lá e confirmei. Voltei a olhar para o senhor e ele sorria ...

Sabem o que é que eu tenho por cima do tabuleiro da mala do carro ?

O cachecol do FUTEBOL CLUBE DO PORTO !

Ainda estava eu a reagir com um enorme sorriso, muita surpresa e uma alegria imensa, quando ele me diz:

- Sabe, um portista nunca deixa outro portista apeado !!!!

Fiquei pela minha vida. Ele há coisas do arco da velha !

Claro que me levou à bomba de gasolina, me trouxe de volta ao carro, me ajudou a empurrar o carro, tudo depois de uma conversa de tema único em que me contou as alegrias que as vitórias do Futebol Clube do Porto lhe dão e as alegrias que as derrotas dos vermelhos (os vermelhos, pelo facto de ter bem presente que tudo era pré-determinado nos tempos do regime), também lhe proporcionam.

Antes de nos despedirmos mostrei-lhe o meu cartão de sócio. Os olhos dele até brilharam.
Despediu-se de mim dizendo - "Nós ainda nos vamos voltar a encontrar" (em alusão aos jogos no Dragão…ou quem sabe, noutro lado qualquer).

Não podia deixar de partilhar convosco este episódio da minha vida.

4 comentários:

dragao vila pouca disse...

Essa é uma característica dos portistas e dos nortenhos.
Em que cidade foi?

O Soldado Azul disse...

Magnífico!
Os portistas constituem uma enorme Família! Como agradecimento, sugiro que o convides para um repasto com a malta do blogue!
Saudações

O Situacionista disse...

Vila Pouca,
Não me leve a mal que lhe responda genericamente que a cidade faz parte do Grande Porto.

Soldado,
:-))
Inacreditavelmente, não perguntei o nome ao nosso consócio. Mas a cara jamais esquecerei ! Muito menos o GESTO !

P.s. - Já agora relembro-te que a malta do blog está a espera do repasto que tu ficaste de organizar !

dragao vila pouca disse...

Já respondi à tua dúvida sobre o Mariano, no meu blog, mas, deixo-te aqui também, o que penso.
Ficaria sim! E digo mais:o F.C.Porto anda a investir há vários meses na recuperação física e psicológica do jogador( já se notam claros progressos... ainda ontem vi isso no Olival)e depois não vai ficar com ele?
Um abraço