O (des)treinador

O Soldado já abordou (e muito bem) o tema.
Hoje vou fazê-lo eu.

Durante toda a época, sempre defendi, sem uma única hesitação e (creio não me enganar se disser) contra a opinião da maioria dos portistas, a ideia que era impensável o treinador ser despedido durante a época.
Seria o maior erro que poderia ser feito.
Os motivos para a minha posição ficaram expressos neste blogue.

Da mesma forma é verdade que, na altura de maior pressão para o treinador (creio que depois da derrota da Amadora e do empate em Vila do Conde), defendi que no final da época deveria ir para a RUA !!!
Com mais ou menos letras foram estas as minhas palavras sem tirar nem pôr.
E não é agora, por ser campeão, que vou fingir que não disse.

Entretanto fomos campeões.

Qual a minha posição actual ?

Em relação à sua manutenção durante a época, mesmo que não tivéssemos sido campeões não alteraria um milímetro que fosse a minha posição.

Em relação à sua continuidade para a próxima época, é fácil, sou obrigado a alterar a minha opinião.

Porquê ?
Porque só um louco não o faria.
E creio que quanto a isto não haverá muito mais a dizer.

No entanto, não posso deixar de referir também o seguinte:
Quanto analiso a actuação do treinador Co Adriaanse no FCPorto vem-me sempre à cabeça esta imagem – parece um elefante numa loja de porcelanas !!!!

Não sei se o mesmo acontece convosco, mas reparem:

O FCPorto, actualmente, é um colosso mundial.
Onde não há tempo a perder porque a próxima vitória está já ao virar da esquina.
Um clube da elite da elite do futebol (atenção, não escrevi, por lapso, a mesma palavra duas vezes).
Um clube que faz parte da “fina louça” do futebol mundial.

O Adriaanse era um treinador habituado a clubes pequenos.
Onde a forma era muitas vezes perfeitamente secundarizada pela substância.
Ou melhor, onde a forma era irrelevante.
Onde os projectos demoravam o tempo que tinham que demorar para serem implantados.
Que nunca ...(ia dizer que nunca GANHOU nada, mas ...) TINHA GANHO nada.
Que, verdade seja dita, é um conhecedor de futebol, especialmente vocacionado para trabalhar com a juventude (atente-se bem no “processo de integração do Anderson”).

De repente o “elefante” entra na “loja de porcelanas”.

E o que acontece ?
As peças partem por todos os lados...

Ele é a sua total falta de sensibilidade à gestão dos símbolos do clube (veja-se a sua horrorizante gestão do processo Jorge Costa)
(Já agora compare-se com a, embora pequena, aprendizagem em relação ao processo Baía).

Ele são os lenços brancos mostrados.... por adeptos de outros clubes.
Ele é o Raul Meireles que adormeceu na linha de golo (Milão).
E muitas outras.
Houve uma altura que era tipo – cada tiro cada melro.
No fundo, ele é uma total impreparação para a relação com a comunicação social.
Claro que teve que ser instituído e muito bem a “contenção verbal”.
Com a importância que esse aspecto tem nos dias de hoje (vejam o exemplo do 3M´s)

Isto tudo para vos dizer que parecia que o “elefante” quando se mexia, por pouco que fosse, lá ia mais uma peça da loja....

Mas passando para o futuro:
Em relação ao que falta desta época e à próxima, vou acreditar que a atitude que vislumbro (?) por vezes no treinador – vontade séria de apre(e)nder e perceber novas realidades bem como a capacidade necessária e suficiente para o fazer – que me pareceu existir a partir do momento em que teve noção que estava “noutro mundo” vai ser confirmada e decisiva no seu futuro desempenho.

Com a vantagem de já conhecer o país, o clube, os jogadores, ter um sistema perfeitamente definido, conhecer o campeonato, etc.

Até porque de uma coisa eu tenho a certeza – ele já tem noção exacta que pode contar com a (fortíssima) estrutura do clube para o que der e vier – Presidente, Reinado Teles e Antero Henriques.

Portanto, o futuro só pode ser (ainda) melhor...